O direito à igualdade de oportunidades às pessoas com deficiência (intelectual, física, auditiva e visual) é assegurado por lei e deve ser respeitado em todos os âmbitos do dia a dia. De acordo com a Lei de Diretrizes Básicas da Educação (LDB), essa garantia de direitos e acesso deve começar na escola, por meio de metodologias e práticas que tornem a experiência das pessoas com deficiência (PCDs) no ambiente escolar mais acessível.

Porém, para que isso aconteça, é necessário repensar práticas da educação tradicional, para tornar a rede regular de ensino preparada para receber e lidar com esses educandos. Nesse sentido, não bastam melhorias no espaço físico, mas também no preparo dos educadores e profissionais envolvidos na gestão escolar, desde o contato com os alunos com deficiência até o diálogo com os responsáveis por eles.

Por que acessibilidade na escola importa?

De acordo com a Lei de Inclusão da Pessoa com Deficiência (nº 13.146/2015), acessibilidade é a: “possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida”.

E, por isso, diz respeito à possibilidade da escola receber crianças com algum tipo de deficiência e oferecer para elas as mesmas oportunidades de ensino, minimizando os eventuais impactos causados por diferentes condições. Entre as melhorias na rotina escolar que são frutos de uma escola acessível, separamos algumas:

Bem-estar físico e mental aos educandos

Infelizmente, ainda é muito comum percebermos que para várias pessoas a deficiência é vista como um fardo e esse pré-conceito é extremamente prejudicial aos educandos que convivem com a condição, pois eles podem sentir como se vivessem um “problema” que não pode ser resolvido. Por isso, o primeiro passo para uma escola acessível é abrir os olhos para realidades diferentes e permitir que cada um se desenvolva o máximo possível e tire proveito da sua vida conforme suas especificidades.

A escola possui um papel fundamental para a promoção da inclusão social justamente por atuar com o público infantil. Ou seja, com os futuros cidadãos da nossa sociedade. Desse modo, um ambiente escolar inclusivo além de permitir que os alunos com deficiência não tenham empecilhos no seu processo de ensino, a escola estará sendo determinante para que os outros educandos compreendam a normalidade dessa situação e tornem-se adultos respeitosos.

Qualidade na formação

Educar uma criança é um processo bastante desafiador. E a dificuldade aumenta quando os educadores não têm a preparação adequada para atender alunos com perfis diferentes. Principalmente em relação aos educandos mais jovens, pois quaisquer obstáculos na hora de aprender coisas novas ou se relacionar com os colegas pode representar problemas que influenciarão suas vidas em vários aspectos.

O primeiro passo para tornar isso possível é a preparação da equipe docente sobre as diferenças e necessidades de cada criança. A partir disso, é possível que planejem atividades capazes de atender às inúmeras especificidades de cada uma delas. Esse cuidado permite o desenvolvimento infantil mais completo e possibilita que os educandos tirem o máximo de proveito dos conteúdos abordados.

Integração entre casa e escola

Acessibilidade na escola está diretamente ligada com a valorização da diversidade em sala de aula. Evidenciar as diferenças e demonstrar que elas fazem parte do dia a dia das pessoas é um papel fundamental que o educador exerce para a formação cidadã dos seus educandos.

É importante fazer com que todos os integrantes da turma se sintam parte importante dentro do grupo, pois com isso o espaço para diálogo e superação de preconceitos é maior e mais eficiente. Exemplificar atitudes e práticas que permitam a compreensão do respeito ao próximo também é essencial para que os educandos cresçam conhecendo boas práticas sociais.

Vida em sociedade

É dever da escola estimular os educandos com deficiência da mesma maneira como o faz com os outros alunos. Esse é um cuidado primordial para promover a inclusão social e garantir que esses estudantes tenham condições de participar ativamente da sociedade, seja estudando ou trabalhando.

E para que isso aconteça, o educador precisa se dedicar no esforço de compreensão dos potenciais e limitações das crianças, para que então possa dar a devida atenção aos aspectos que forem mais importantes. Com isso, a aprendizagem se torna mais eficiente, assim como os alunos terão possibilidades maiores de se desenvolverem de uma forma mais humana para a vida adulta. Uma das prioridades da acessibilidade na escola é formar pessoas capazes de exercer a cidadania e que saibam respeitar as diferenças.

Como garantir a acessibilidade na escola?

Em um primeiro momento, é preciso fiscalizar os espaços da instituição para certificar que todos eles têm acesso fácil às pessoas com deficiência física. A Norma de Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos (ABNT NBR 9050/2015) determina que escolas brasileiras públicas e privadas devem ser acessíveis. A obrigatoriedade visa ao desenvolvimento da cultura de valores inclusivos na rede de ensino e traz diversos benefícios. Veja dicas para colocar em prática:

Adeque os espaços

Mesmo construções mais antigas podem ser adaptadas com um bom projeto de reforma ou ampliação. O foco deve estar na adequação de diferentes espaços, desde a área de estacionamento até os ambientes internos (salas, pátios e corredores). E, para começar a acessibilidade na escola, o ponto de entrada dos alunos deve ser feito preferencialmente pela via de menor tráfego. No local, é preciso garantir pelo menos uma rota acessível a partir de rampa com largura mínima de 80 cm. As rampas de acesso devem estar presentes em todos os andares e apresentar corrimãos em duas alturas: 70 cm e 92 cm.

As portas externas e internas (incluindo as dos elevadores) também devem respeitar a largura mínima de 80 cm e altura de 2,10 m. Além disso, todas devem ter maçanetas do tipo alavanca e permitir abertura com um único movimento. A área de circulação dentro das salas deve permitir rotação de 360º. As lousas (quadros) precisam ser instaladas a uma distância de 90 cm do chão. O professor também deve ter cuidado na hora de planejar a disposição dos móveis (carteiras e cadeiras) para se certificar de que todos os alunos vão conseguir enxergá-lo.

É recomendado que 1% das carteiras das escolas infantis seja especial para cadeirantes (a altura desses modelos deve ficar a 73 cm do piso). O mesmo tipo de móvel deve estar presente nas áreas de alimentação (refeitório e lanchonete), para que o aluno consiga fazer suas refeições confortavelmente.

Favoreça a rotina do aluno

Existem técnicas que facilitam muito a vida diária das pessoas com deficiência física e que englobam as áreas de higiene, vestuário e alimentação. Como exemplo, podemos citar as barras de transferência para sanitários e os adaptadores para utensílios e louças de cozinha (garfo, colher, copo, caneca, entre outros).

É importante adotar esses equipamentos nos diferentes espaços da escola. Recomenda-se que pelo menos 5% dos sanitários (divididos em masculinos e femininos) sejam adaptados com área ampla e portas maiores. Nessas unidades, as barras de apoio devem ser instaladas a uma altura de 30 cm a partir do assento sanitário.

Já as pias e bebedouros precisam apresentar botão de acionamento a uma altura de 80 cm do piso. É importante que todos os ambientes, mobiliários e equipamentos projetados para pessoas com deficiência sejam identificados com o símbolo internacional do acesso. O ideal é que ele seja desenhado em branco sobre fundo azul ou preto.

Utilize equipamentos adaptados para o lazer e esportes

As atividades físicas costumam fazer parte do plano de aula das escolas e trazem diversos benefícios para as crianças. Porém, é nesse momento que muitos professores encontram dificuldades para aplicar acessibilidade na escola, adaptar as brincadeiras e torná-las adequadas aos alunos com alguma deficiência.

Felizmente, diversas atividades podem ser realizadas com equipamentos especiais para locomoção (cadeira de rodas, andadores, órteses, próteses, bicicletas adaptadas, entre outros). Cabe ao educador encontrar maneiras de incluir os alunos que fazem uso desses recursos na aula sem comprometer sua segurança e conforto.

Adapte suas abordagens

Adotar ações e comportamentos que ajudem a manter o aluno mais confortável também é uma maneira de promover a acessibilidade na escola. Para pessoas com deficiência física, as atitudes abaixo fazem toda a diferença:

  • Sentar quando quiser falar com um cadeirante, pois, para ele, pode ser um incômodo ficar olhando para cima por muito tempo
  • Não se apoiar em muletas ou cadeiras de rodas: esses equipamentos são quase uma extensão do corpo do usuário, e o excesso de peso pode se tornar desagradável
  • Perguntar se deseja algo: algumas pessoas têm seus próprios truques para subir escadas ou realizar alguma atividade. Logo, forçar a ajuda sem necessidade pode atrapalhar
  • Não ter medo de termos como “correr” e “andar”: pessoas com deficiência física empregam essas palavras naturalmente

E agora, vamos garantir a acessibilidade?

Como você pôde ver, a acessibilidade na escola é de extrema importância para garantir boas experiências e a permanência do aluno em sala de aula. Nós já trabalhamos algumas temáticas em outros artigos aqui do portal, dá uma olhada neles também e torne o dia a dia letivo uma experiência melhor para todos os educandos.

Aprenda a se relacionar com educandos com:

 

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