Recentemente, em uma conferência que realizei com professores(as) municipais, em meio a diversos questionamentos que surgiram sobre as práticas pedagógicas por meio da pedagogia de projetos, tema que estávamos abordando no evento, fui questionado por uma professora sobre como deveria ser o encerramento de um projeto na escola. Percebi, de imediato, que a professora se referia ao “fechamento” do trabalho que realizara com seus(as) alunos(as) e da crítica que fazia à sua escola, que trouxe em um comentário complementar, por não disponibilizar os materiais solicitados por ela para realizar o encerramento de seu projeto no ano anterior, conforme desejava.

Comentei com ela da importância primordial de se levar em consideração o que há de mais importante para o encerramento dos projetos nas escolas, ou seja, a aprendizagem. Essa é a palavra que define verdadeiramente o encerramento de um trabalho escolar: aprendizagem. O encerramento das atividades não deve acontecer, a meu ver, em datas agendadas e pré-estabelecidas pelas escolas, mas quando se percebe que os objetivos dos trabalhos foram alcançados, quando as crianças dão sinais de que aprenderam e que já foram esgotadas as possibilidades (ou quase todas!) e estratégias para que aprendessem o que deveriam aprender com os trabalhos desenvolvidos.

Em contextos não escolares, em nossa vida pessoal, somos o tempo todo motivados por projetos, dos mais variados tipos. A compra de um móvel, um automóvel, o início – ou o fim – de um relacionamento, a reforma da casa, a chegada de um filho, a mudança de emprego… são alguns dos exemplos daquilo que, ao longo de nossa vida, projetamos. Quase sempre, ao alcançarmos nosso sonhado objetivo, celebramos com festa e alegria, dividindo com aqueles que amamos o resultado, o bom êxito daquilo que deixou de ser um projeto mas passa a ser a vitória alcançada, o sucesso. Convidamos os amigos, aqueles que fizeram parte das etapas de construção daquele sonho, para festejar conosco. Marcamos um almoço de confraternização, brindamos, cantamos, alegramo-nos em companhia daqueles que merecem estar do nosso lado naquele momento de celebração, de alegria.

Já enxergamos sinais de que mais um ano está chegando ao fim e, mesmo com a sensação de que pouco foi feito e muito ainda há de se fazer, como é o sentimento de todo(a) educador(a) em final de períodos letivos, é chegada a hora de celebrar os resultados, as vitórias, o bom trabalho realizado ao longo do ano. Um movimento que festeja a aprendizagem, acima de tudo e que comemora a luta, enquanto professores(as) engajado(as) na causa mais nobre que é a de ensinar e de abrir portas para o mundo do conhecimento de si e das coisas do mundo.

Nesse movimento de celebração, surgem os eventos que acontecem nos municípios e nas escolas para encerramento do ano letivo. Movimento esse que socializa com a comunidade, com os pais, com as crianças, os bons resultados, as aprendizagens que surgiram a partir dos trabalhos escolares. Um movimento que não deva contar com o excesso de tempo e materiais, mas com o suficiente para tornar conhecida a identidade das escolas e das turmas que se construiu ao longo do ano letivo por meio de práticas significativas de aprendizagem via projetos de ensino. Muito mais que papéis coloridos, metros de TNT e folhas coloridas de EVA, que alegram as exposições e mostras culturais – e que considero importantes para essas ocasiões – que possamos mostrar os cadernos, as fotos, as construções artísticas e favorecer a apresentação espontânea e criativa das crianças com a mediação do(a) professor(a).

Eventos de encerramento que sejam extensão das atividades de aprendizagem dos(as) alunos(as), que favoreçam a participação viva das crianças em sua postura de aprendizes. Eventos de celebração que em tempos de sustentabilidade e crise econômica, não sejam motivos de desperdícios de materiais, mas ao contrário, utilize-se de materiais aproveitáveis e sustentáveis para cumprir seu papel de encerramento que é o de socializar ganhos, bons resultados, sucessos.

Minha sugestão às escolas e aos(as) professores(as) nos últimos tempos, tem sido a de se organizar eventos de encerramentos que utilizem aquilo que a escola tem de mais importante para apresentar para as famílias e comunidade, ou seja,  o que foi construído, aprendido e realizado ao longo do ano pelos(as) próprios(as) alunos(as). Que a aprendizagem seja sempre o principal motivo para o encerramento e celebração nos eventos de encerramento e que se nos faltar colas, canetas coloridas, som, papéis brilhantes e microfones, que possamos sentar no chão com as crianças e com as famílias para podermos, conversar, cantar, festejar o que aprendemos.

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