Bullying é um dos temas mais frequentes quando paramos para pensar em desafios vivenciados pelas crianças em ambiente escolar. Por esta razão, o interesse dos educadores sobre questões relacionadas com esse tema também permanecem em constante crescimento, desde a busca pela compreensão do que é e como acontece o bullying, até o entendimento de medidas eficazes no combate destas situações. 

De um modo geral, a prática do bullying é caracterizada como ações em que uma criança pratica violência física e/ou verbal contra outra pessoa. Mesmo sem uma tradução específica para a palavra bullying na língua portuguesa, entende-se este ato como quaisquer tipos de comportamento que equivalem à tirania, ameaças, opressão, humilhação e intimidação contra alguém.

Muitas vezes as crianças não compreendem o impacto de suas ações, mesmo colocando-as intencionalmente em prática, quando o assunto é opressão em relação a outra pessoa no ambiente escolar. E é aí que entra a importância do papel do educador no processo: precisamos guiar e estimular compreensão no que se refere ao entendimento de que respeito é algo necessário para a vida em sociedade e, inclusive, a escola não é um lugar para agredir alguém. 

Para inspirar você a se engajar nessa caminhada junto com a gente, nós buscamos e elencamos algumas doenças e problemas psicológicos que podem ser causados a pessoas que são vítimas de bullying. É importante conhecer!

Depressão

A depressão é uma doença que ficou conhecida como o “mal do século”, devido à grande repercussão dos diagnósticos. De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 350 milhões de pessoas do mundo sofrem com a depressão, 5% da população mundial. 

Depressão, ao contrário do que algumas pessoas ainda acreditam, é uma doença que vai além de sentir tristeza, baixo astral ou fraquezas. Ela afeta diretamente o humor, saúde, pensamentos e comportamento de quem sofre deste mal. E não são sentimentos efêmeros. As vítimas de depressão convivem constantemente com a sensação de ansiedade ou vazio, inutilidade, culpa, insônia, desmotivação, desânimo, perda de apetite, irritabilidade, dificuldade para se concentrar e/ou manter o foco, aumento ou perda de peso, cansaço, desesperança e pessimismo. 

Sofrer com o bullying no ambiente escolar é um gatilho que pode desencadear a depressão na vida de uma criança. De acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), uma criança vítima de bullying tem duas vezes mais probabilidade a desenvolver depressão, três vezes mais propensão a relatar ansiedade e 3,5 vezes mais propensão a ter pensamentos suicidas sérios ou tentar o ato em si em comparação com outros grupos.

Distúrbios alimentares

Em relação à prática do bullying, os distúrbios alimentares mais comuns de serem desencadeados nas vítimas desta violência são a anorexia e bulimia. Afinal, uma das formas mais comuns que as crianças usam para intimidar umas às outras é a satirização de características físicas dos colegas, a exemplo do sobrepeso. Por esta razão, as vítimas buscam alternativas para provocarem mudanças estéticas, a fim de se sentirem mais incluídas e respeitadas pelo círculo em que vivem. Entenda melhor cada uma das situações:

Anorexia

Esta doença consiste em um distúrbio alimentar que provoca a perda de peso além do que é saudável para o organismo das pessoas, em relação ao seu índice de massa corporal (IMC), responsável por medir o equilíbrio entre a altura e peso. As vítimas de anorexia veem uma imagem distorcida sobre o próprio corpo e, portanto, investem em dietas e exercícios de forma excessiva e não saudável, com objetivo de emagrecer, mesmo em situações nas quais se encontram com peso abaixo do considerado ideal. 

Os principais sintomas apresentados por uma pessoa com anorexia nervosa são:

  • Se recusar a permanecer com um peso ideal, com base no equilíbrio entre altura e peso (pacientes de anorexia costumam estar ao menos 15% abaixo do seu peso ideal)
  • Visualizar o próprio corpo com uma imagem distorcida, focando apenas em pontos negativos e enxergando a si mesmo como acima do peso
  • Medo de engordar e ficar com um corpo diferente do padrão estético “magro”, mesmo em situações nas quais a pessoa já se encontra abaixo do peso
  • No caso das mulheres, interromper o ciclo menstrual por mais de três meses

As pessoas que sofrem com anorexia têm tendência a limitarem sua alimentação e restringirem abusivamente a quantidade de alimentos ingeridos. Por esta razão, outros comportamentos apresentados pelas vítimas da doença são:

  • Movimentar a comida no prato em vez de ingerí-la
  • Praticar exercícios para perda de peso com uma rotina excessiva
  • Imediatamente após cada refeição, ir ao banheiro
  • Não se alimentar e até recusar comer perto de outras pessoas
  • Usar medicamentos para estimular a ida ao banheiro, redução de apetite, perda de peso e eliminação de resíduos do corpo

Bulimia

Diferente da anorexia, a bulimia é um transtorno alimentar que provoca na vítima uma oscilação de comportamento que vai de um extremo ao outro. As pessoas que sofrem com esta doença tendem a comer demais – sentindo que perderam o controle sobre a própria alimentação – e então provocam vômitos ou abusam de laxantes, para eliminar a comida ingerida e restringir o ganho de peso. 

Os sintomas de bulimia mais comuns são:

  • Temor em ganhar peso
  • Apreço excessivo e, por vezes, neurótico, com relação à aparência física
  • Falta de controle sobre quais alimentos ingerir
  • Se alimentar em excesso ao ponto de sentir dores e desconforto após a refeição
  • Ir ao banheiro imediatamente após as refeições
  • Forçar o vômito após ingerir alimentos
  • Fazer uso de medicamentos diuréticos e laxantes após as refeições
  • Usar mecanismos como suplementos diários com o objetivo de perder peso

Ansiedade

Segundo estudo publicado no jornal científico Molecular Psychiatry, a prática do bullying na escola está diretamente relacionada com o desenvolvimento do Transtorno da Ansiedade Generalizada (TAG). A ansiedade, como é popularmente conhecida, consiste em vivenciar uma preocupação intensa, excessiva e persistente sobre situações do dia a dia, além de sentir medo e desmotivação para viver. A pessoa que convive com esta doença sofre com frequência cardíaca elevada, respiração rápida, sudorese e sensação de cansaço.

A gravidade da ansiedade se dá quando ela vem junto ao estresse e nos tira o controle das ações e reações que tomamos diante dos acontecimentos, ou foge do controle e se manifesta mesmo em momentos em que não há risco iminente. É nesses casos que a ansiedade se transforma em transtorno, afetando negativamente a vida da criança e das pessoas com quem ela convive.

Para identificar esses casos, é importante ficar atento aos seguintes sintomas:

  • Irritabilidade e/ou agressividade excessiva e frequente
  • Insônia e pesadelos, com sono durante o dia e durante momentos de aula devido às noites mal-dormidas
  • Preocupação constante
  • Impaciência, que pode levar a ataques de birra, por exemplo
  • Dificuldade de concentração

Para saber mais, acesse Como lidar com a ansiedade infantil em sala de aula.

Prática de bullying
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