Para alguns alunos, fazer a tarefa de casa não é algo muito atrativo e interessante. Para eles, mais divertido que estudar, é assistir aos vídeos on-line, brincar ou jogar vídeo game. Mas e se as tarefas de casa fossem tão interessantes quanto jogos e brincadeiras?

O papel do professor vai muito além de fazer o repasse do conteúdo e cobrar as tarefas enviadas para casa. É preciso fazer com que os alunos compreendam os motivos pelos quais precisam realizar as atividades e, principalmente, sintam-se motivados a realizá-las.

O estudo em casa é uma etapa importante do aprendizado, pois é quando o aluno repete o que foi aprendido em aula, percebe se compreendeu o conteúdo e consolida o novo conhecimento. Além disso, quanto mais cedo o hábito do estudo independente for colocado na  rotina, mais familiarizado e preparado para os estudos, necessidades e oportunidades futuras.

Como começar

Se por um lado sabemos que quanto antes começar esse incentivo é melhor, por outro precisamos entender que crianças menores não têm maturidade o suficiente para compreender que atividades e trabalhos de casa podem ajudá-las na construção do futuro. Para elas, isso ainda é muito distante da realidade.

Para mostrar a importância do estudo, e da realização das tarefas de casa, é preciso que o professor esteja em constante diálogo com os alunos, mostrando na rotina como o conhecimento construído em sala de aula é importante fora da escola. Fazer links dos conteúdos apresentados com profissões ou com conhecimentos necessários no dia a dia já pode colocar a criança em situações reais, fazendo com que ela entenda que tudo aquilo que um adulto realiza, tem uma base que começa quando ele ainda é uma criança, assim como ela.

O espaço físico e a autonomia

Durante o período de ensino remoto, algumas famílias adaptaram espaços para dividir entre o home office e as aulas on-line dos filhos. Enquanto os pais trabalhavam na sala, por exemplo, as crianças realizavam as tarefas na cozinha. Esse não é um formato ideal, pois a criança, ou adolescente, acaba dependendo da rotina da casa para a realização das tarefas escolares. Imagine que às 18h o aluno terminou sua aula, mas precisa sair da cozinha para que a janta comece a ser preparada. No dia seguinte ele acorda cedo e começa a fazer a tarefa no quarto, em cima da cama, mas logo sente dores nas costas e abandona a atividade.

Claro que muitos lares não têm a possibilidade de preparar um cômodo apenas para a realização das aulas on-line e trabalhos escolares. O importante é que o aluno encontre um local tranquilo para os estudos e conte com a colaboração da família para que não aconteçam distrações. Se o aluno está estudando na sala, ou usando a mesa do jantar, é importante que a TV não seja ligada e que outros membros da família não usem celulares para jogos ou para assistir aos vídeos com som.

Ao ter um espaço e um tempo dedicado aos estudos, o aluno tem menos chances de se distrair ou ser distraído. Além disso, desenvolve mais autonomia e responsabilidades, desde a preparação dos materiais até a organização após terminar as atividades. Isso também é importante mesmo em uma rotina normal, com aulas presenciais.

Atividades que estimulem a pesquisa e a criatividade

Como falamos no início, as tarefas de casa podem ser tão interessantes quanto as brincadeiras e outras atividades que o aluno gosta. Planejar maneiras diferentes de entregar as tarefas é sempre desafiador, para o professor e para os alunos.

Para os professores, é preciso muita criatividade e jogo de cintura para sempre propor atividades diferentes. Para os alunos, mostrar habilidades, gostos e preferências é sempre um propulsor para a autoexpressão. Sabemos que é necessário fôlego para tanta demanda, mas é também recompensador receber atividades preparadas com muita dedicação e interesse dos alunos.

Conheça seu aluno

Para poder propor atividades diferentes, ou até mesmo sugerir os espaços reservados, como falamos anteriormente, é preciso que o professor conheça a realidade e as maiores dificuldades dos alunos. Não é possível solicitar tarefas com materiais que não façam parte da realidade da criança ou do adolescente. Da mesma maneira, não é viável dar dicas de como organizar um amplo espaço de estudo se o único lugar que ele tem é somente um dos lados em uma mesa.

Ao saber da realidade do aluno, fica muito mais fácil propor atividades que se encaixam na rotina. Não ter recursos não precisa ser um empecilho para realizar trabalhos divertidos – lembre-se que ser criativo é o ponto chave do processo. Se os alunos não podem comprar materiais, incentive o uso de itens comuns de casa como embalagens descartadas, papelão e caixas de fósforo. Se o acesso à internet é algo complicado, pois muitas vezes eles dividem o mesmo computador ou celular com outras pessoas, pense em atividades com materiais e pesquisas que possam ser feitas off-line, como entrevistas com familiares, desenhos com flores e plantas e outras coisas. O importante é não deixar que eles desanimem e sintam-se incapazes por falta de recursos.

Deixe bem claro qual é a proposta

Nada é mais chato que realizar atividades sem um propósito claro, concorda? Ao passar uma tarefa de casa para seus alunos lembre-se sempre de explicar como e qual o motivo daquela atividade. Ao se dedicar a um trabalho que tem um objetivo específico, fica muito mais fácil conseguir concluí-lo e avaliar os próprios resultados. Fazer por fazer, ou apenas para ganhar pontos, não é nada estimulante.

Incentive a participação dos pais e familiares

Se no ensino presencial a família já é um ponto muito importante na relação do aluno com a escola, em períodos de ensino remoto esse laço deve ser ainda mais sólido. Pais, mães e responsáveis das crianças têm sido a ponte entre a escola e as atividades. São eles que ajudam a entender o conteúdo, a organizar os materiais e ficar de olho  se tudo está sendo realizado. Essa nova rotina também mexeu muito com a vida dos pais, que precisam dividir o tempo entre o trabalho, as tarefas domésticas e os filhos.

Além de conhecer a rotina e as dificuldades de seus alunos, como apontamos, é preciso entender como está a rotina da família. Os pais estão conseguindo ajudar os filhos na realização dessas tarefas escolares? De que modo podemos trazê-los para mais perto? Manter o diálogo aqui é fundamental para o bom andamento das atividades. Entender as dores de uma família e abrir o diálogo pode ajudar não só aquele núcleo, mas as famílias de outros alunos também.

Como você tem incentivado seus alunos na realização das tarefas escolares?

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