Infelizmente, parece que as más notícias que assolam o Brasil nos campos econômico e político também se estendem a outras importantes áreas. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, encomendada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), os casos de agressão contra professores da rede pública de São Paulo aumentou nos últimos anos. Entre 2013 e 2014, o percentual de profissionais que sofreram agressões dentro das escolas em que atuam era de 44%. Agora, o número já é de 51%, o que representa 104 mil educadores.
Dentre as formas de agressão analisadas pelo estudo, estão a agressão verbal, a agressão física, o bullying, furtos, roubos e a discriminação. Dessas, a violência verbal e a discriminação são os males com os quais os professores mais lidam dentro dos espaços de ensino. Porém, não são apenas eles quem sofrem com tais cenários. A pesquisa também mostra que a quantidade de alunos agredidos cresceu, atingindo a marca de 802, 5 mil (39% do total). A porcentagem era de 28% no período entre 2013 e 2014.
Ainda de acordo com as informações do documento, o bullying e a agressão física são os tipos de violência mais frequentes entre os estudantes. Além disso, estima-se que alunos provenientes da periferia estão 15% mais propensos a agressões do que alunos que estudam no centro. Enquanto 27% destes assumiram já terem sido agredidos, 42% daqueles declararam os maus tratos. Números que chocam e preocupam pais, educadores, funcionários e as instituições de ensino.
O que dizem as autoridades?
Em entrevista ao iG, a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, afirmou que um dos principais motivos para o aumento das taxas de violências nas escolas é o descaso por parte do Governo do Estado de São Paulo. Para ela, não apenas os locais de ensino foram abandonados, mas todas as pessoas que fazem parte dele. Também diz que são necessárias mediações pacíficas para combater as agressões, pois é por meio delas que se criam processos civilizatórios e vínculos entre professores e estudantes.
Na mesma publicação, o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, concordou que a falta de responsabilidade do governo estadual tem sido um obstáculo para o fim da violência nas escolas. Para ele, a ausência de medidas efetivas e políticas públicas transformam educadores e alunos em vítimas e compromete o futuro de ambos. Além disso, aponta que muitas das ações agressivas praticadas nas instituições não param por lá, mas também são levadas para o entorno. O que representa um problema muito maior.
Por outro lado, a Secretaria da Educação de São Paulo ressaltou que, segundo um estudo realizado pelo seu Sistema de Proteção Escolar, que conta com 2.200 escolas de ensino fundamental e médio, os episódios envolvendo violência diminuíram em 70% nos últimos três anos.
Buscando soluções
Para os pais, estudantes, professores e outros cidadãos que foram ouvidos durante a formulação da pesquisa, as respostas para que cessem ou ao menos diminuam os casos de agressão nas escolas residem em medidas simples. Envolvimento da comunidade na tomada de decisões das instituições, policiamento reforçado e investimentos em cultura e lazer seriam algumas delas, por exemplo.
Já a Secretaria assegurou que, além de avaliar tais medidas, ampliará o programa de mediação de conflitos nos espaços estudantis. Dessa forma, visa preparar ainda mais educadores para que estes lidem e até evitem conflitos e desentendimentos. A meta é a de que todas as cinco mil escolas tenham, em breve, pelo menos um educador capacitado que possa interferir diretamente nas questões relacionadas à violência.
O estudo abrangeu 602 estudantes, 600 pais e mães de alunos, 649 cidadãos moradores da capital paulista e outras 13 cidades do interior e da Grande São Paulo e 702 professores da rede estadual de 155 municípios paulistas.