A educação de crianças e adolescentes é uma responsabilidade compartilhada entre família e escola. Afinal, a família aparece como o primeiro contato de toda criança com ensinamentos. É importante notar que, mesmo diferentes, os aprendizados nos dois ambientes são igualmente importantes. Por serem complementares, fazem com que a participação da família na escola influencie em melhores resultados.

Como mostram as reflexões da pesquisa “Os pais e a aprendizagem dos filhos”, feita na Academia Internacional de Educação, na Bélgica, a influência da família na aprendizagem começa logo cedo. Quando bebês, os primeiros aprendizados vêm da observação e das interações. As reações da família quanto aos aprendizados podem ajudar ou prejudicar as crianças. Um exemplo é o aprender a falar: enquanto em algumas famílias o processo de conhecimento de novas palavras é encorajado, em outras, possíveis erros de fala podem virar motivo de risada e criar bloqueios na busca por novas palavras e novos aprendizados.

E essa influência continua ao longo da vida. A pesquisa mostra também que os educandos têm mais motivação na escola quando percebem que a  família se interessa pelo que eles estão aprendendo, uma vez  que isso demonstra que aquele conteúdo é importante.

Esta dúvida já foi o foco de uma pergunta exploratória na Escola Municipal César Lattes: Por que vou levar tarefa para casa se meus pais não têm tempo de me ajudar? A Expedição Investigativa buscou ampliar os laços entre os alunos e suas famílias e mostrar para todos a importância de trabalharem juntos. 

Além disso, é importante lembrar que o aprendizado passa por momentos de estudos durante as aulas e dentro de casa – seja com realização de trabalhos, leituras, ou ainda, conversas com a família. É por isso que a rotina familiar impacta diretamente na aprendizagem dos educandos.

Como a família pode ajudar em casa

Quando o educando está dentro de casa, este é o seu espaço de conhecimento. Tratando-se dos aprendizados escolares – ou seja, os que são relacionados aos conteúdos estudados em aula – a família pode participar de diversas formas:

  1.   Criar um espaço ou momento de estudos

A criança e adolescente pode ter um espaço no quarto ou na sala reservado para os estudos. Neste momento é importante que toda a família colabore para que não existam distrações (TV ligada ou conversas que incluam o estudante).

  1.   Conversas sobre temas do cotidiano

Trazer para dentro de casa conversas sobre livros, notícias, programas de televisão que ajudam a aumentar o repertório de conhecimentos do estudante, a mantê-lo informado sobre a sociedade e o mundo, a desenvolver argumentos e a criar laços e entender os valores da família.

  1.   Rotina que inclua leitura e estudos

Se dentro de casa a leitura e os estudos são vistos de forma negativa, como uma obrigação, é mais difícil que o estudante tenha motivação para estudar e não queira trocar essa atividade por outra de descanso, como assistir a TV. Momentos de leitura em família ajudam a criar desde a infância a percepção de que o estudo também pode ser prazeroso e deve fazer parte da rotina.

  1.   Visitas em família a locais de conhecimento

Quando for possível e seguro, um passeio no zoológico, em um museu ou mesmo viagens para cidades históricas podem unir diversão ao conhecimento. São atividades de lazer que incentivam a descoberta do novo.

Assuntos como pontualidade, responsabilidade com as tarefas de casa, dedicação e incentivo para que o estudante faça o seu melhor na escola também são de responsabilidade da família. Além de demonstrar interesse e atuar como parceira da escola, a família precisa estar atenta ao progresso dos filhos e acompanhar seu desenvolvimento, suas dificuldades e oferecer suporte para facilitar o aprendizado.

Criando uma comunidade de aprendizagem

Não só o envolvimento da família que traz benefícios para a escola: toda a comunidade pode participar e auxiliar na escola para o seu papel de educadora. Assim como os estudantes podem ter o  aprendizado influenciado a partir de comportamentos familiares, o contexto social onde está inserido também tem o mesmo poder.

A proximidade entre a escola e as pessoas que estão ao seu redor ajuda a entender esse contexto, a criar soluções específicas para aquela região. Um exemplo pode ser visto na Expedição Investigativa feita pelos alunos da Escola Municipal de Educação Básica Estação Fazenda Venerando, com o objetivo de valorizar a atividade agrícola feita no município.

Outra ação importante nas comunidades é criar atividades que derrubem os muros da escola e que tenham a participação da população em geral. Feiras, eventos e programas educativos são opções que integram os espaços e contribuem para uma convivência harmoniosa, além de formar cidadãos atentos às necessidades, costumes e tradições do local.

A família na escola

A intenção de incentivar a parceria entre escola e família é de colher frutos, mas é preciso estabelecer limites para essa relação. É o que acredita o mestre em Educação Marcos Meier. Em entrevista para o Transformando.com.vc, ele afirma que apesar de importante, a participação da família não pode levar a escola a “abrir mão da metodologia, das pesquisas mais recentes sobre avaliação e sobre os princípios que desenvolvem autonomia e visão crítica em seus alunos para então ouvir o que a família quer”.

Reuniões de pais e mestres e decisões em conjunto devem acontecer se forem para beneficiar todos os envolvidos e, em especial, os alunos. Como aponta o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a educação é um direito da criança que deve ser assegurado pela família, escola e comunidade e é nesse sentido de trabalho em conjunto que essa relação deve se fortalecer.

Quer saber mais sobre essa parceria? Indicamos este vídeo da Psicóloga Infantil Daniella de Farias:

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