Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial: uma data para refletir e progredir

O Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, celebrado em 3 de julho, é uma data crucial para refletir e conscientizar a comunidade, especialmente a comunidade escolar, sobre a discriminação racial que ocorre diariamente em nosso país. 

Aproveitamos esta data para apresentar dados e análises importantes, além de sugerir atividades e  leituras para combater o racismo nas escolas, desde a educação infantil até o ensino médio.

A importância do Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial

O Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial foi instituído em memória da aprovação da Lei Afonso Arinos, em 1951, que considerou contravenção penal a prática de atos resultantes de preconceitos de raça ou de cor em nosso país. Desde então, a luta contra o racismo no Brasil tem avançado, mas ainda há um longo caminho a percorrer.

Dados para conhecer e refletir 

Alguns estudos, levantados por importantes institutos de pesquisa no Brasil, trazem dados bastante preocupantes que destacam a urgência de combater a discriminação racial e promover a igualdade em todos os setores da sociedade. 

Desigualdade Racial

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda média de pessoas negras no Brasil é aproximadamente metade da renda de pessoas brancas. Essa desigualdade se reflete em diversos aspectos, incluindo acesso à educação, saúde e emprego.

Educação

Agora, quando falamos da taxa de analfabetismo em nosso país, essa porcentagem se inverte. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a taxa de analfabetismo entre a população negra é o dobro da população branca. Além disso, a evasão escolar é maior entre estudantes negros.

Violência

Já dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, nos alertam que a população negra é a mais afetada pela violência no Brasil. Em 2019, por exemplo, 75,7% das vítimas de homicídio eram negras.

Outros dados importantes

Para quem deseja se aprofundar, o FBSP publica relatórios anuais e materiais informativos com dados atualizados sobre a violência contra a população negra no Brasil.

Alguns dados mais recentes:

Relatório Anual 2021: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2023/11/relatorio-de-atividades-2021-fbsp.pdf

Infográfico “A Violência Contra Pessoas Negras em 2023”: https://publicacoes.forumseguranca.org.br/items/1783e9aa-f760-4696-84d8-880c55668ae5 

Nota Técnica “Racismo Estrutural e Segurança Pública”: https://publicacoes.forumseguranca.org.br/items/1783e9aa-f760-4696-84d8-880c55668ae5 

Alguns pontos importantes dos estudos mais recentes:

  • Em 2021, a taxa de homicídios de pessoas negras era três vezes maior que a de pessoas não negras.

  • Mulheres negras representavam 61% das vítimas de feminicídio entre 2017 e 2018.

  • Jovens negros são mais suscetíveis à violência letal do que jovens brancos.

  • A cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 77 são negras.

Como podemos contribuir com práticas para combater o racismo na escola

A escola é um espaço fundamental para a formação de valores e atitudes que moldam nossa sociedade. Combater o racismo nesse ambiente vai além de condenar atitudes discriminatórias; trata-se de promover uma cultura de respeito, inclusão e valorização da diversidade. 

Por meio de práticas pedagógicas intencionais, atividades educativas, leitura e a criação de um ambiente acolhedor, podemos contribuir para que as crianças e adolescentes desenvolvam uma consciência crítica sobre as questões raciais e se tornem agentes de transformação social. Separamos alguns livros para inspirar você e levá-los para a sala de aula. 

Confira nossas dicas para as diferentes faixas etárias e níveis de ensino:

Educação infantil

Promova atividades de leitura de livros com personagens diversos, incentivando a aceitação e valorização das diferenças desde cedo. 

Sugestão de leitura: “Menina Bonita do Laço de Fita”, de Ana Maria Machado.

O livro “Menina Bonita do Laço de Fita“, escrito por Ana Maria Machado, é uma obra encantadora que aborda temas como diversidade, autoestima e respeito às diferenças. 

Com a história da menina bonita de pele negra e seus laços coloridos, aprendemos várias lições importantes. O livro destaca a importância de valorizar a própria identidade e ter orgulho de quem somos. 

A personagem principal é admirada por sua beleza e carisma, reforçando a ideia de que todas as crianças devem sentir-se bonitas e especiais. A narrativa promove o respeito e a aceitação das diferenças, assim como a inclusão, empatia, diversidade cultural, autoestima e confiança. 

Além da leitura, promova jogos e brincadeiras que incentivem a cooperação e o trabalho em equipe, destacando a importância do respeito e da igualdade.

Ensino Fundamental I

Contar histórias de heróis e heroínas negras, como Zumbi dos Palmares e Tereza de Benguela, é uma forma poderosa de valorizar a cultura afro-brasileira e resgatar figuras históricas muitas vezes esquecidas ou sub-representadas. Essas narrativas inspiradoras não apenas destacam a resistência e a luta contra a opressão, como também enaltecem as contribuições significativas de afrodescendentes para a formação do Brasil. 

Sugestão de leitura: “Amoras”, de Emicida.

Já o livro “Amoras“, escrito por Emicida, é uma obra que nos ensina valiosas lições sobre identidade, autoaceitação e resiliência. Por meio da história de um menino que se questiona sobre a própria cor de pele e o significado de ser negro no Brasil, aprendemos a importância de reconhecer e valorizar a diversidade racial. O livro aborda temas como o racismo estrutural, a busca por pertencimento e a força da cultura afro-brasileira na construção da identidade individual e coletiva. Além disso, “Amoras” nos convida a refletir sobre a importância de celebrar nossa origem e história, promovendo a conscientização sobre as injustiças enfrentadas pelas pessoas negras e a necessidade de lutar por igualdade e inclusão em nossa sociedade.

Ensino Fundamental II 

Incentive os alunos a expressarem suas opiniões e compartilharem experiências sobre temas como igualdade racial, preconceito e discriminação. Promova trabalhos e projetos de pesquisa sobre a contribuição de afrodescendentes para a cultura brasileira, com apresentações em sala de aula. 

Sugestão de leitura: “O Pequeno Príncipe Preto”, de Rodrigo França.

O Pequeno Príncipe Preto“, escrito por Rodrigo França, é uma narrativa envolvente que nos ensina importantes lições sobre autoestima, identidade e diversidade racial. A história segue o protagonista, um menino negro que vive diversas aventuras enquanto busca entender seu lugar no mundo. Por meio das experiências do Pequeno Príncipe Preto, aprendemos sobre a importância de valorizar nossa própria identidade e cultura, mesmo diante de desafios e adversidades. O livro aborda temas como o respeito às diferenças, a superação de estereótipos e a importância de construir uma autoimagem positiva, inspirando os leitores a se sentirem orgulhosos de suas origens e a promoverem a inclusão em suas comunidades. Ao celebrar a diversidade racial e promover a reflexão sobre a igualdade, “O Pequeno Príncipe Preto” oferece uma mensagem poderosa de empoderamento e aceitação.

Ensino Médio 

Para os alunos que já estão no Ensino Médio, uma forma bastante interessante de engajar o tema é promover a exibição de filmes que abordam questões raciais, seguida de debates e reflexões. Dois filmes que podem despertar a atenção e o interesse dos alunos são: “Pantera Negra” (2018) e “Estrelas Além do Tempo” (2016).

Sugestão de leitura: “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus.Quarto de Despejo“, escrito por Carolina Maria de Jesus, é um relato autobiográfico impactante que nos ensina sobre resiliência, pobreza e as lutas diárias enfrentadas por muitas pessoas negras no Brasil. A obra é um registro sincero e detalhado da vida da autora na favela do Canindé, em São Paulo, na década de 1960. Com as  palavras de Carolina, aprendemos sobre as dificuldades extremas vivenciadas pela comunidade negra e marginalizada, desde a falta de condições básicas de moradia e alimentação até as barreiras impostas pelo preconceito e pela exclusão social. O livro também nos ensina sobre a força e a determinação de Carolina Maria de Jesus em buscar uma vida melhor para si e para seus filhos, por meio da escrita e da expressão artística. “Quarto de Despejo” é uma obra que nos convida a refletir sobre as desigualdades sociais, a importância da educação como ferramenta de transformação e a necessidade contínua de lutar por justiça e igualdade racial no Brasil.

O combate à discriminação racial é um compromisso contínuo que começa na educação. Ao promover a conscientização e a reflexão desde cedo, preparamos as futuras gerações para construir uma sociedade mais justa e igualitária. 

No Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, reforçamos a importância de enfrentar o racismo e valorizar a diversidade em todas as suas formas.

 

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