O ano de 2017 está sendo marcado por várias modificações no governo e a educação não ficou de fora. Mudanças no ensino médio e Enem causam dúvidas e preocupações nos estudantes e professores.
Apesar de algumas escolas já estarem adotando as novas regras do ensino médio, ainda vai levar um tempo para a real implementação do novo método. Em contrapartida, as mudanças no Enem ocorrem agora, neste ano.
Fique por dentro agora do que mudou e quando essas alterações serão realizadas:
Reforma do ensino médio
A reformulação do ensino médio tem como proposta tornar mais atrativo e mais flexível os três anos finais da escola. De acordo com um levantamento feito pelo governo, mais de 1 milhão de jovens de 17 anos que deveriam estar no terceiro ano do ensino médio estão fora da escola. Outros 1,7 milhão de jovens não estudam nem trabalham.
Além da necessidade de atrair e manter o jovem no ensino, o governo também se preocupa com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do país. Os últimos resultados mostraram uma educação defasada e estagnada.
Veja quais foram as principais mudanças e os prazos estabelecidos para aplicação do novo método:
Carga horária
Sim, a quantidade horas de ensino vai aumentar. Atualmente, a carga horária anual do ensino médio é de 800h, resultando em 4h por dia. A meta é que, em cinco anos, isso aumente para 5h de aula por dia, 1.000h anuais. Depois, a carga anual deve chegar a 1.400h, mas não há prazo estipulado para essa meta.
É importante ressaltar que o aumento na quantidade de horas que os estudantes passam em sala de aula não significa obrigatoriamente em uma melhora na aprendizagem dos mesmos. Somente isso não garante uma assimilação maior dos conteúdos. A opção de direcionar os estudos para áreas de interesse pode sim despertar um empenho maior nos adolescentes, mas as estratégias didáticas ainda precisarão ser aprimoradas e atualizadas para o formato de aprendizagem do estudante do século XXI para, enfim, transformar conteúdos em verdadeiros conhecimentos.
Isso esbarra em um ponto que está dificultando a implementação do novo ensino médio nas escolas que já estão aderindo às mudanças: verba. Para poder atender alunos em tempo integral e aprimorar as práticas educacionais, existem escolas que precisam de melhorias. Refeitórios, salas de aulas, laboratórios precisam ser ampliados ou até criados. Essas obras demandarão um investimento alto por parte do Governo. Existem escolas que já solicitaram as verbas, mas que ainda não receberam o dinheiro para investir.
Disciplinas obrigatórias
A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) ainda está sendo discutida pelo governo. Ela definirá as competências e objetivos de aprendizagem nas disciplinas que serão obrigatórias para todos os estudantes. Já temos a certeza da obrigatoriedade das disciplinas de língua portuguesa e matemática. A língua inglesa também foi colocada como obrigatória a partir do 6º ano do ensino fundamental. Além destas, educação física, arte, sociologia e filosofia também serão obrigatórias, mas talvez não sejam abordadas em aulas exclusivas e sim incluídas nos currículos das demais disciplinas.
Esse currículo base equivale a 60% dos conteúdos no novo ensino médio. Os outros 40% serão optados pelo estudante de acordo com a sua área de formação. São elas: Linguagens; Matemática e suas tecnologias; Ciências da natureza; Ciências humanas e Formação técnica e profissional.
Ensino Técnico
Agora o estudante poderá ter uma formação técnica dentro da carga horária do ensino médio, e não mais no período contrário às aulas como feito atualmente. Ao final dos três anos ele receberá um certificado validando ambos – ensino médio e curso técnico. Sem horas extras. Os currículos desta modalidade de ensino serão organizados por estado.
Prazos
Uma reforma de tamanha importância demanda muito estudo, ponderação e debate por parte dos responsáveis. Os primeiros passos já foram dados: a reformulação do ensino médio foi aprovada em fevereiro deste ano no Senado Federal e sancionada pelo presidente Michel Temer também no mesmo mês e ano. Mas, e agora?
A aplicação do novo Ensino Médio só poderá ser realizada com as definições da BNCC que estão previstas para abril do próximo ano. Após essa definição, o governo dará um prazo para os municípios e estados elaborarem seus currículos. As informações variam entre um e dois anos de prazo para a adequação ao novo método.
As modificações do Enem para 2017
Em janeiro o MEC realizou uma consulta pública sobre o Enem, com perguntas sobre sua execução e conteúdo. A pesquisa teve a participação de mais de 600 mil pessoas e com base nessas respostas surgiram algumas mudanças que já serão colocadas em prática neste ano.
Como ainda não houve a implementação do novo Ensino Médio, as provas do ENEM continuam baseando suas questões nos mesmos conteúdos e disciplinas dos anos anteriores. Também não houve mudanças nos critérios de correção das redações. A cartilha divulgada nesta segunda-feira (16) pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) traz as orientações e competências que serão avaliadas, bem como oito redações nota mil do Enem 2016 para inspirar os participantes.
A primeira grande modificação acontece em relação aos dias de prova. Atendendo a pedidos, agora o estudante terá uma semana de intervalo entre as duas avaliações. Serão dois domingos de provas divididos por áreas do conhecimento.
No primeiro dia (05/11) serão abordadas questões de Linguagens e Códigos, Ciências Humanas e Redação, que agora é realizada na primeira parte da prova, não no último dia como nos anos anteriores. Uma semana depois (12/11), os temas serão Matemática e Ciências da Natureza. A primeira prova terá duração de cinco horas e meia e a segunda, quatro horas e meia.
Acredita-se que, desta forma, os participantes poderão direcionar melhor seus estudos, focando nas respectivas áreas do conhecimento abordadas em cada dia, além de terem um descanso apropriado para alcançarem melhores desempenhos.
Esta nova divisão das disciplinas requer uma atenção especial por parte dos estudantes. A união de conteúdos afins proporciona um melhor direcionamento nos temas estudados, mas também pode tornar a prova cansativa, pois em um dia estarão concentradas todas as questões discursivas e interpretativas e no segundo dia, somente questões de exatas.
Além dessas mudanças, existem outras alterações que merecem atenção. Os cadernos de prova, por exemplo, serão personalizados, já com o nome do candidato e número de inscrição na capa e no cartão de respostas. Resultados e dados do Enem por escola não serão mais divulgados, somente resultados pessoais. O Inep acredita que o Enem não tem a finalidade de avaliar instituições escolares, pois esta função será desempenhada pelo Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica).
Os participantes cadastrados no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais) estarão isentos da taxa de inscrição. Se o candidato pedir isenção do pagamento da taxa de inscrição e não comparecer ao exame sem uma boa justificativa, ele perde o direito ao benefício no ano seguinte.
Outra mudança importante: a partir deste ano o Enem será inclusivo. Provas serão realizadas em videolibras para candidatos com deficiência auditiva ou surdez, além de uma hora a mais para realizar a prova. É importante que o candidato sinalize no ato da inscrição a necessidade de participar deste tipo de avaliação.
E atenção: a partir deste ano o Enem não vale mais como certificação do ensino médio. Pessoas com mais de 18 anos devem se inscrever no Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos) para obter esta certificação.