O Brasil é um dos países do mundo com maior diversidade étnica entre seus habitantes. Carregamos até hoje traços e tradições de culturas que fazem parte da formação do país desde os primórdios das civilizações humanas. Mas, em nossas origens, trazemos principalmente as características de três grupos étnicos, que são os mais expressivos em termos de população e história da cultura brasileira: os indígenas, negros e brancos. 

Em um breve resgate histórico, que justifica os motivos pelos quais são esses os núcleos que expressam nossas raízes, lembramos que os indígenas são a população nativa do Brasil, os brancos chegaram às terras tupiniquins a partir da colonização portuguesa, em meados do século XVI, enquanto que as pessoas negras foram trazidas para cá no triste período escravocrata. 

Considerando esses três momentos, criamos no Brasil um contexto que permitiu grande miscigenação entre seus habitantes. A partir disso, demos origem a novas nomenclaturas de grupos étnicos, nascidos a partir da mistura entre os indígenas, negros e brancos, assim como recebemos novos grupos de imigrantes que também se difundiram pelo país, compondo a grande miscigenação que é a nação brasileira. E devido à riqueza de etnias, culturas e costumes que fazem parte da nossa cultura, é muito importante que – enquanto educadores – saibamos compreender, trabalhar e estimular o entendimento dessa variedade, para contribuir com a formação da consciência social dos nossos educandos.

Para isso, antes de conversarmos sobre o desdobramento da atividade de árvore genealógica na educação infantil, o primeiro passo é entender quais são os grupos étnicos que vivem no Brasil atualmente. Vamos lá?

Grupos étnicos brasileiros

A mistura étnica entre os indígenas, brancos e negros deu origem a novos grupos que estão bastante presentes na população brasileira e, consequentemente, na diversidade de educandos que frequentam uma mesma sala de aula. Por essa razão, vamos falar um pouquinho sobre cada uma delas, com base nos grupos instituídos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), que diferencia as pessoas de acordo com suas identificações pessoais, dentro das etnias que compõem o Brasil.

Indígenas 

Basicamente, os indígenas são o grupo étnico que já vivia no território brasileiro antes da chegada dos portugueses. Naquela época, essa população somava mais de cinco milhões de pessoas. Hoje em dia, os índios compõem – apenas – cerca de 300 mil pessoas em todo o Brasil. Principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste. Mas, mesmo compondo parcela importante da população brasileira, desde o início, foi apenas em 1991 que o IBGE incluiu a etnia “indígena” no censo populacional do Brasil. 

Brancos

De um modo geral, a população branca brasileira tem origem ou descendência europeia. Afinal, no período colonial, pessoas de países como Portugal (principalmente), Espanha, França, Holanda, Itália e Eslovênia migraram do continente europeu para a América. O movimento migratório também ocorreu em momentos históricos – a exemplo da primeira grande guerra mundial – nos quais grupos como alemães e poloneses buscaram nova vida em solo brasileiro. A região nacional com maior concentração dessa etnia é a Sul. 

É importante destacar que, no que se refere à população branca, também há forte presença dos árabes. Que vieram para o Brasil a partir de movimentos migratórios. 

Negros

No caso das pessoas negras, a vinda delas ao Brasil não foi por questão de livre e espontânea vontade. Em sua maioria, a população negra foi forçada a vir da África para o Brasil no período escravocrata, no qual atuaram como mão-de-obra na produção de açúcar e café. Por essa razão, hoje em dia grande parte da composição étnica e cultural do nosso país traz em suas raízes as tradições e traços dos negros. Também devido ao episódio escravocrata, por conta das principais localidades que exploraram o trabalho escravo, atualmente as regiões com maior número de pessoas negras são o Nordeste e Sudeste. 

Pardos

Essa nomenclatura é institucionalizada pelo IBGE, para se referir às pessoas que são descendentes da miscigenação entre os três grupos já citados. Ou seja, é uma variação étnica que carrega em sua origem a mistura entre características físicas e culturais dos povos indígenas, pretos e brancos. 

Mestiços

Esse grupo corresponde à mistura entre as etnias dos brancos e dos negros. Carrega em suas origens manifestações físicas e culturais desses povos e, atualmente, de acordo com a distribuição geográfica nacional, estão mais presentes nas regiões Nordeste e Sudeste. 

Caboclos

Os caboclos são os descendentes étnicos das pessoas brancas e dos indígenas. Hoje em dia representam cerca de 16% da população brasileira e vivem, principalmente, nas regiões ribeirinhas do Norte do País. 

Cafuzos

Eles são as pessoas que têm em suas raízes a união das etnias dos índios e dos negros. Atualmente compõem, em média, 3% dos habitantes do Brasil. Devido às suas origens, vivem principalmente em território Amazônico, no Norte do Brasil, ou nas regiões Centro-Oeste e Nordeste. 

Amarelos

Este é um grupo importante de ser destacado aqui também, pois mesmo que não seja fruto direto da mistura de etnias brasileiras, corresponde à grande parcela da população atualmente. Os amarelos são pessoas de descendência e/ou origem asiática, que vieram para o Brasil em movimentos migratórios e permaneceram no país. Assim como as outras culturas, eles também entraram em contato com culturas distintas e passaram a representar parcela significativa da composição étnica nacional. 

Árvore genealógica para a educação infantil

Agora que você já sabe um pouco mais sobre cada um dos grupos étnicos que faz parte da composição nacional do Brasil, é hora de partirmos para a prática da atividade de árvore genealógica. Ah, mas apenas um reforço: não pense que trouxemos levianamente essas informações sobre os grupos, pois o objetivo da atividade é justamente promover entre os educandos a compreensão mais ampla de suas origens, para que a partir dela eles possam entender e valorizar a riqueza da diversidade nacional. Desse modo, aliamos a educação infantil ao processo de construção de uma sociedade mais justa e igualitária para todas as pessoas que fazem parte de nossa nação. 

Vamos à atividade? 

Criando um contexto

Aproveite as informações que conferiu na primeira parte do artigo para exemplificar aos seus educandos um pouquinho mais de cada uma das etnias brasileiras. Uma boa dica é elencar alguns personagens chave para cada uma delas, pois dessa forma fica mais fácil a visualização dos alunos no que se refere às características e história de cada um deles. 

Proponha uma pesquisa

Estruture junto com os educandos um questionário base, no qual eles vão contribuir com ideias de perguntas, e após peça para que cada um deles leve para casa e o preencha com auxílio dos pais ou responsáveis. Nesse material, é importante incluir alguns pontos básicos como: 

  1. Qual é a minha cor?
  2. Com qual etnia me identifico?
  3. Qual é a cor e etnia dos meus pais, avós e bisavós? 
  4. Em qual região vivo? 
  5. Qual dos grupos étnicos trabalhamos tem mais a ver comigo?
  6. Qual é o meu sobrenome e o sobrenome da família da minha mãe?
  7. Qual é a origem do meu sobrenome? 

É bacana estimular esse contato com a família junto a um material base, no qual os educandos ilustrarão em casa um pouquinho mais (com auxílio dos personagens propostos pelo educador) a respeito de cada grupo étnico. 

Monte uma árvore genealógica

Esse é o momento para exercer sua criatividade assim como dos educandos. Juntos vocês podem construir uma base de árvore genealógica, na qual os alunos irão colocar fotos ou desenhar ilustrações das pessoas de sua família. Indicando ao lado de cada uma delas o grau de parentesco, a qual etnia pertencem e de onde vieram ou vivem, trazendo também um breve relato da origem do próprio sobrenome e sobrenomes que aparecem em sua árvore genealógica. Esse passo é extremamente importante para a compreensão da diversidade de características de acordo com gerações e regiões nas quais habitam. 

Apresentação de resultados

Peça para que cada aluno reflita um pouco mais sobre suas origens e, com base na árvore desenvolvida, fale mais sobre como se sente e com qual dos personagens étnicos trazidos para a atividade ela mais se identifica. Essa é uma forma de trazer para a formação da identidade de cada um deles o sentimento de pertencimento e valorização das próprias características, assim como conhecer melhor cada colega e aprender a respeitá-lo por quem ele é. 

Na diversidade, precisamos defender a igualdade

Mesmo dentro de nossas diferenças, o que todos temos em comum dentro da sociedade é o direito ao respeito e condições dignas de existência. Como educadores, trabalhamos com a construção de conhecimento junto às crianças e, por isso, a responsabilidade acerca dessa temática se intensifica sobre nossa atuação. Cabe também a nós promover reflexões e estimular valores básicos para a formação de cidadãos conscientes e engajados com o bem-estar da sociedade e, consequentemente, de todos os cidadãos.

Realize essa atividade e conte para nós um relato de como foi a experiência. Educar a partir da prática nos aproxima ainda mais dos bons resultados sobre os conteúdos abordados. Experimente! 

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