Não importa se você é professor há algum tempo ou está dando os primeiros passos no magistério, provavelmente um dos seus maiores desejos é que as crianças tenham autonomia e respeitem umas às outras, não é mesmo? Já pensou quantos conflitos deixariam de existir no cotidiano escolar?
Então nos acompanhe, reflita e prepare-se para a ação!
Cabe a nós, educadores, sermos inspiração para que a criança possa reconhecer-se, comunicar-se de forma adequada, tornar-se criativa e participativa. Fácil? Claro que não! Impossível? Muito menos!
Se a autorregulação, autogestão, autonomia e respeito são essenciais à vida, por que não começar a desenvolvê-las na infância? Habilidades e competências como essas, podem e devem ser delineadas desde muito cedo e construídas de forma lúdica.
E não pense que essa é uma missão impossível, ao contrário, com as crianças temos a oportunidade de estabelecer experiências novas e construir significados. Pode ter certeza, esse é o caminho para fazer da vida um compromisso de cidadania e cooperação.
Que tal começar pela possibilidade de escolha, autogestão e tomada de consciência de direitos e deveres? Esses têm sido pilares em seu cotidiano escolar?
Que tal algumas reflexões para pensar a prática de sala de aula?
- A conversa, enquanto discussão democrática, faz parte do cotidiano escolar?
- As perguntas são bem-vindas e principalmente, percebidas como essenciais?
- A sua intenção é estabelecida a partir do interesse das crianças?
- Temas de relevância social são trazidos para sala de aula?
- Diferentes fontes de informação compõem a construção do conhecimento?
- A valorização de si e do outro é premissa para a convivência escolar?
- A cooperação é motor fundamental para as ações escolares?
É assim, de forma simples e espontânea, que ensinamos na escola a valorizar o interesse coletivo ao mesmo tempo em que buscamos o progresso individual. E isso só pode ser construído por meio de um processo dialógico, no qual vínculos são estabelecidos e o respeito e a valorização à diversidade ocorrem.
A partir das premissas do Programa União Faz a Vida quando se está diante de um problema, é preciso identificar o que e por que isso está acontecendo, e quais os sentimentos evocados. Para que então, sejam propostas possíveis soluções, sempre pautadas numa postura democrática, para que se possa escolher o melhor caminho a seguir.
Estes passos são essenciais à resolução de qualquer problema.
Ensine as crianças a aplicá-los em toda e qualquer situação de conflito, das mais simples às mais complexas.
Você irá se surpreender!
Para compreender e agir é preciso envolver-se, e esse é o seu papel, o papel do professor mediador: possibilitar a compreensão e a reflexão sobre o problema para que então, se possa delinear a solução.
É nesse momento que pode ocorrer uma Roda de Conversa, um Conselho de Grupo ou uma Assembleia. Alguns itens são essenciais à reflexão:
– Não é só sobre se fazer ouvir, é também, sobre ouvir o outro.
– Não é sobre seguir regras, mas sim ajudar a elaborá-las.
– Não é sobre ser autossuficiente, é sobre pedir ajuda sempre que precisar, e reconhecer o momento de cooperar.
– Não é sobre ignorar distrações, mas é sobre saber quando são bem-vindas.
– Não é sobre se moldar ao comportamento exigido, é sobre ser responsável por seu comportamento.
– Não é sobre cumprir ordens, mas sim sobre fazer o bem.
Sabe aquele texto “Tudo o que eu precisava saber, eu aprendi no jardim de infância”? Realmente, tudo o que hoje precisamos realmente saber sobre como viver, o que fazer e como ser, creio que aprendemos no jardim de infância.
Então, comece hoje, agora, com o que você tem em mãos com a certeza de que possui o recurso mais extraordinário que possa existir: crianças em desenvolvimento. Seja você o mediador e incentivador da transformação que elas podem realizar.
Sem dúvida, o texto sobre o jardim da infância traz somente verdades: “Ao sair para o mundo, é sempre melhor darmos as mãos e ficarmos juntos…”
Você pode saber ainda mais sobre a “Formação cidadã: dispositivo de participação e cooperação na escola” no endereço eletrônico: auniaofazavida.com.br. No blog do Transformando você saberá como abordar a formação cidadã em sala de aula.
No começo, implementar essas ações ou mesmo mudar alguns hábitos e costumes em sala pode parecer difícil, mas diante dos benefícios, com certeza, você buscará e encontrará caminhos para o desenvolvimento da autonomia e do respeito, além das regras na parede e das sanções.
Deixamos aqui uma prática valiosa, a RODA DE CONVERSA, nossa velha conhecida, que visa à valorização do diálogo para a melhor convivência na escola, formação de valores sociais, além de possibilitar a partilha de saberes. Para saber mais sobre as Rodas de Conversa, clique aqui.
Tudo que eu realmente preciso saber sobre a vida…
Como ser….
Aprendi no jardim da infância.
Não foi na universidade nem na pós-graduação que encontrei a verdadeira sabedoria, e sim, no recreio do jardim da infância.
Compartilhar, brincar dentro das regras, não bater nos outros, colocar os objetos de volta no lugar, limpar a própria sujeira, não pegar o que não era meu, pedir desculpas quando machucava alguém, lavar as mãos antes de comer, puxar a descarga do banheiro.
Também descobri que café com leite é gostoso, que uma vida equilibrada é saudável e que pensar e aprender um pouco, desenhar, pintar, dançar, planejar e trabalhar todos os dias, nos faz muito bem.
Tirar uma soneca à tarde, tomar muito cuidado com o trânsito, segurar as mãos de alguém e ficar juntos, são boas formas de enfrentar o mundo.
Prestar atenção em todas as maravilhas e lembrar da pequena semente que, um dia, plantamos em um copo de plástico. As raízes iam para baixo e as folhas iam para cima, mas ninguém realmente sabia nem porquê. Mas nós somos assim!
Peixinhos dourados, ratinhos brancos, e até mesmo, a pequena semente do copo de plástico, tudo morre um dia. E nós também.
Tudo que você realmente precisa saber está aí. Faça para os outros aquilo que você gostaria que fizessem para você…
Amor, higiene básica, ecologia e política contribuem para uma vida saudável.
Penso que tudo seria melhor se todos nós – o mundo inteiro – tomássemos café com leite todas as tardes e descansássemos um pouquinho abraçados a um travesseiro.
E ainda é verdade que, seja qual for a idade, – o melhor é darmos as mãos e ficarmos juntos!
Texto de Robert Fulghum – tradução de Ernesto H. Simon