No Dia Internacional da Educação (24), propomos uma reflexão sobre um tema que ultrapassa as portas das salas de aula e impacta toda a sociedade

Neste Dia Internacional da Educação, que tal refletir sobre um tema que transcende salas de aula e desafia nossas percepções sobre o papel da educação na sociedade atual? A inteligência artificial cada vez mais presente em debates acadêmicos e globais nos incentiva a repensar métodos, práticas e objetivos educacionais.

Por meio de estudos,  pesquisas e análises, esse tema reforça a importância de cooperarmos para a transformação que desejamos alcançar.

Educar em tempos de Inteligência Artificial: um desafio contemporâneo

Inspirada pelo tema do Dia Internacional da Educação 2025 “Preservando a agência humana em um mundo de automação” a UNESCO propõe uma reflexão essencial sobre o impacto da Inteligência Artificial (IA) na educação. 

Como assegurar que o avanço tecnológico esteja em harmonia com a humanização do aprendizado? Em um cenário que destaca tanto oportunidades quanto desafios, é indispensável um olhar crítico e estratégico para as práticas de ensino e aprendizagem.

De acordo com o Relatório de Monitoramento Global da Educação 2024, publicado pela UNESCO, a redução da população fora da escola foi de apenas 1% nos últimos 10 anos, com 251 milhões de crianças e jovens sem acesso à educação formal. Além disso, a disparidade global é evidente: 33% das crianças em países de baixa renda estão fora da escola, enquanto esse número cai para apenas 3% em países de alta renda. Essas estatísticas reforçam a urgência de enfrentar uma grave violação do direito à educação, um direito humano fundamental que exige ações mais efetivas para ser garantido a todos. 

Assim, enquanto a educação passa por grandes transformações que envolvem o acesso e uso de tecnologias, ela também perpetua desigualdades. Qual será, então, o nosso papel nas próximas décadas no que diz respeito à educação?

A transformação da educação em um mundo automatizado

A rápida evolução das tecnologias de IA está revolucionando as práticas de ensino e aprendizagem. Ferramentas inteligentes podem personalizar o aprendizado, promover a inclusão e otimizar processos educacionais, como avaliações e gestão escolar. Esses avanços trazem uma nova dinâmica para o ambiente educacional, onde o aprendizado se torna mais adaptado às necessidades individuais e menos dependente de modelos padronizados — ou, pelo menos, têm o potencial de fazê-lo. 

No entanto, é fundamental garantir que essas tecnologias sejam usadas de forma ética e, sobretudo, alinhadas a valores. Nesse contexto, a educação assume um papel orientador, moldando a IA como uma aliada, e não como uma substituta. 

O uso de Inteligência Artificial na educação também levanta questões críticas sobre privacidade e segurança de dados especialmente quando envolve crianças e jovens. Para evitar que o avanço tecnológico comprometa direitos fundamentais, é imprescindível que instituições educacionais adotem políticas claras de proteção de informações.

Não por acaso, a BNCC apresenta a “Cultura Digital” como uma das competências a serem desenvolvidas, com o objetivo de que nossas crianças possam “compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva”. 

Essa competência destaca a importância de atuar no mundo digital de forma consciente, utilizando as ferramentas tecnológicas para tomadas de decisão em benefício de todos.

Por que é preciso humanizar cada vez mais a educação? 

A UNESCO ressalta a necessidade de a educação desenvolver competências críticas relacionadas à IA, abrangendo tanto educadores quanto alunos. Esse processo inclui:

  • Reimaginar a educação em uma era de IA: 

Explorar novas possibilidades em ensino, aprendizagem, ambientes escolares, currículo, organização educacional e avaliação. Abrir-se ao novo é essencial, sem esquecer que nós, seres humanos, somos a inteligência por trás da IA.

  • Promover alfabetização em IA: 

Capacitar indivíduos para compreender, avaliar e utilizar tecnologias de forma ética e consciente, assegurando que todos tenham acesso às vantagens da IA com responsabilidade.

  • Adotar uma abordagem centrada no ser humano: 

Priorizar o controle humano, a transparência e a responsabilidade na implementação da IA, garantindo que ela seja uma ferramenta de expansão das capacidades humanas, e não um substituto para elas.

Essa abordagem não apenas preserva a atuação humana, como também fortalece a capacidade de adaptação a um futuro cada vez mais automatizado. Além disso, é essencial criar espaços de diálogo que envolvam educadores, alunos e especialistas em tecnologia, para definir diretrizes comuns sobre o uso da IA na educação e promover uma governança cooperativa.

O papel dos educadores em tempos de IA

Embora a tecnologia amplie possibilidades, ela nunca substituirá os elementos humanos da educação. Educadores permanecem como  pilares insubstituíveis no desenvolvimento de competências e na construção de conexões significativas. O uso consciente da IA deve complementar suas práticas, permitindo que se concentrem no que fazem de melhor: inspirar, orientar e transformar vidas.

Para isso, é fundamental que os educadores:

  • Utilizem ferramentas tecnológicas que potencializem o aprendizado, sem comprometer a interação humana.
  • Atualizem-se constantemente sobre inovações tecnológicas e suas implicações éticas e educacionais.
  • Cultivem empatia, escuta ativa e inteligência emocional em suas relações, incentivando o trabalho em equipe e o pensamento inovador.

Em um contexto de desigualdades acentuadas, é imperativo que a IA seja utilizada para reduzir lacunas e ampliar o acesso à educação de qualidade. 

Quando bem aplicada, a IA pode ajudar a democratizar o acesso ao ensino, fornecendo recursos valiosos para  comunidades historicamente marginalizadas. 

A educação vai além da simples transmissão de conhecimento; ela é um ato de resistência e esperança. Por meio dela, construímos uma sociedade mais justa, empática e preparada para enfrentar os desafios do futuro.

Portanto, neste Dia Internacional da Educação, somos convidados a refletir sobre o papel transformador da educação em um mundo cada vez mais tecnológico. Preservar a atuação humana significa colocar as pessoas no centro das decisões educacionais e tecnológicas, garantindo que o progresso seja inclusivo, ético e sustentável. Isso passa por investir em políticas públicas que assegurem a equidade educacional e promovam o desenvolvimento de competências para um futuro digital.

Que a educação continue sendo a chave para abrir novos caminhos rumo a um futuro melhor para todos. O uso consciente da inteligência artificial não é apenas uma oportunidade de avanço, mas também um compromisso com a construção de uma sociedade em que tecnologia e humanidade caminhem juntas  em harmonia

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