Sabendo a importância da educação para o crescimento de qualquer país, fizemos um paralelo entre o ensino da Bélgica e do Brasil, para destacar semelhanças e diferenças

A educação é a base para o desenvolvimento social, cultural e econômico de qualquer nação. Embora os desafios enfrentados pelos sistemas educacionais variem de país para país, observar experiências internacionais pode ser uma fonte valiosa de inspiração.

Com esse objetivo, realizamos um comparativo entre os sistemas educacionais da Bélgica e do Brasil, destacando suas diferenças e semelhanças e levantando reflexões sobre práticas que poderiam beneficiar o nosso contexto.

Estrutura do sistema educacional

A Bélgica possui um sistema educacional descentralizado e diversificado, dividido em três comunidades linguísticas: 

  • Flamenga: refere-se à Flandres, no norte da Bélgica, onde se fala o flamengo (ou holandês da Bélgica).
  • Francesa: pessoas que falam o francês como língua principal. A maior parte dessa comunidade reside na região da Valônia, no sul do país. A Região de Bruxelas-Capital também tem uma parcela significativa de falantes de francês, embora seja bilíngue (francês e neerlandês).
  • Germanófona: a menor das três principais comunidades linguísticas, localizada no leste do país, conhecida como Região de Língua Alemã da Bélgica, que integra a província de Liège.

Cada comunidade tem autonomia para definir currículos, políticas e métodos pedagógicos. A educação é obrigatória dos 5 aos 18 anos, com forte ênfase no Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Além disso, há uma estrutura bem definida de Educação Infantil, que atende crianças a partir dos dois anos e meio.

No Brasil, o sistema educacional é dividido em:

  • Educação Infantil
  • Ensino Fundamental (anos iniciais e finais)
  • Ensino Médio

Embora a educação seja obrigatória dos 4 aos 17 anos, a qualidade e a infraestrutura variam amplamente entre estados e municípios devido à descentralização das políticas educacionais e às diferenças socioeconômicas regionais.

Principais diferenças 

Uma diferença marcante é a idade de ingresso na educação formal. Enquanto, na Bélgica, muitas crianças começam a frequentar a escola aos dois anos e meio, no Brasil a educação infantil tem início mais tarde, com muitos alunos ingressando no ensino formal apenas aos quatro anos, mesmo sendo ofertado o atendimento educacional em creches (0 a 3 anos).

Metodologias de ensino

Na Bélgica, a educação valoriza uma abordagem centrada no aluno, estimulando autonomia, investigação e resolução de problemas. 

Projetos interdisciplinares e atividades práticas são comuns, especialmente no Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Os professores belgas têm liberdade para adaptar conteúdos e explorar diferentes abordagens pedagógicas.

No Brasil, apesar de iniciativas pontuais para adotar metodologias ativas, o ensino ainda se baseia, em grande parte, em uma perspectiva mais tradicional. Perspectiva essa sendo superada aos poucos a partir do que é proposto pela Base Nacional Comum Curricular (B

A estrutura curricular, orientada pela BNCC propõe um modelo mais integrado, mas sua implementação encontra obstáculos, como a necessidade de capacitação docente e, por vezes, a falta de recursos.

Valorização dos professores

A profissão docente na Bélgica é amplamente valorizada, com salários compatíveis e oportunidades regulares de formação continuada. Há um forte suporte governamental para o desenvolvimento profissional dos professores, por meio de programas de mentoria e capacitação pedagógica.

No Brasil, embora a legislação reconheça a importância da qualificação docente, os professores enfrentam dificuldades significativas quanto à renda, condições de trabalho e formação continuada.

Inclusão e diversidade

A Bélgica possui um sistema educacional inclusivo, com políticas voltadas para  estudantes com necessidades especiais. As escolas oferecem suporte especializado e adaptações curriculares para garantir a participação de todos os alunos.

No Brasil, a inclusão também é um princípio fundamental, garantido por lei. No entanto, sua aplicação ainda enfrenta obstáculos, como a falta de profissionais especializados e de infraestrutura adequada para adaptação de materiais e espaços escolares.

Relação escola-família

Na Bélgica, a participação dos pais na educação é incentivada por meio de reuniões frequentes e uma comunicação clara entre escola e família, criando um ambiente colaborativo.

No Brasil, muitas escolas buscam envolver as famílias, mas a participação parental ainda enfrenta barreiras, especialmente em contextos mais vulneráveis. Fatores como a falta de tempo, a baixa escolaridade de alguns responsáveis e a falta de conhecimento sobre a instituição de ensino dificultam essa relação.

Conclusão

Os sistemas educacionais da Bélgica e do Brasil possuem tanto pontos positivos quanto desafios a serem superados. O contexto belga oferece valiosas lições sobre autonomia docente, metodologias inovadoras e valorização da profissão. Já o Brasil, com sua diversidade cultural e territorial, tem potencial para desenvolver soluções educacionais criativas e inclusivas, desde que haja investimentos adequados e conte com um comprometimento coletivo com a melhoria do ensino.

Olhar para outros modelos educacionais permite refletir sobre as práticas locais e buscar melhorias que atendam às expectativas de alunos e professores brasileiros. Com base nessas referências, educadores podem impulsionar mudanças positivas em suas salas de aula, contribuindo para um sistema mais equitativo e eficiente.

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