Na região em que você mora é aipim, mandioca ou macaxeira? Vina ou salsicha? Mimosa, bergamota ou tangerina? Independentemente de como você chama e/ou conhece essas coisas, é importante lembrar que o Brasil é o país do mundo com maior variedade linguística dentro de uma mesma nação. Isso acontece devido à grande extensão territorial (8.516.000 km²) assim como às origens da população brasileira, que mescla povos de diversas origens e culturas), e por essa razão, precisamos considerar vários elementos para compreender o vocabulário de cada região.
Toda língua possui suas especificidades e variações dentro do mesmo idioma, isso é evidenciado na cultura nacional principalmente quando pensamos em cada uma das regiões que compõem o Brasil. A forma de falar do Norte é diferente da forma do Sul. As gírias do Nordeste são distintas do Centro-Oeste e Sudeste. Cada um desses lugares têm suas especificidades e são importantes para a formação da identidade brasileira.
De um modo geral, é comum que os educandos de uma mesma sala de aula tenham conhecimentos semelhantes em relação ao vocabulário. No entanto, existem momentos nos quais alunos de lugares diferentes acabam convivendo um com o outro, apresentando novas possibilidades quanto à fala e formas de expressão. Para assegurar que a compreensão da língua seja democrática entre todas as pessoas, os educadores podem assumir a posição de mediadores quanto à construção de um conhecimento coletivo e inclusivo em relação ao nosso idioma.
Afinal, é na Educação Infantil que nossas crianças tendem a dar o primeiro passo em relação à alfabetização e conhecimento da língua. Por isso, que tal pensar em alternativas divertidas para promover o entendimento e beleza da diversidade que faz parte do nosso português brasileiro? Para contribuir com você nesse momento, nós pensamos em atividades super bacanas para realizar com seus educandos. Olha só:
Caixa do vocabulário
Da mesma forma como as palavras que trouxemos no início desse texto, existem várias outras expressões que assumem diferentes formas de acordo com a região em que são faladas, para um mesmo significado. Muitas vezes, em um primeiro momento, elas podem causar estranheza quando as ouvimos, mas se exercitarmos a habilidade de compreensão em relação ao diferente, aos pouquinhos fica mais fácil pensar que certas palavras fazem parte da identidade e expressam características de pertencimento ao povo que as falam.
Uma forma de estimular os educandos a buscarem variações linguísticas para chamar determinados nomes, é propor uma atividade chamada Caixa do vocabulário. Na qual cada um deles ficará responsável por trazer fichas com sinônimos para objetos, de acordo com as diferentes regiões brasileiras. Peça para que durante a semana eles tragam pelo menos uma ficha por dia e depositem na caixa. Na sexta-feira, filtre os termos que foram colocados lá e, em roda, apresente um a um, para que os alunos comentem a região que eles pertencem e a forma como eles aprenderam tais nomes em sua formação cultural.
Após isso, peça que eles desenhem um mapa do Brasil, dividam as regiões e escrevam dentro de cada uma delas os termos que fizerem parte da cultura daquele local em específico. Dessa forma, além de exemplificar o tamanho e limites dos estados nacionais, você contribuirá para que eles entendam, valorizem e respeitem mais as variações de termos entre um e outro. Você também pode fazer esta atividade com post-its.
Que nome tem?
Essa brincadeira pode ser aliada com conteúdos de artes. Nela, os educandos da turma devem ser sorteados para cinco grupos diferentes, cada um representando uma das regiões do Brasil. A atividade funciona como uma gincana, na qual o educador mostrará um objeto (ou foto do objeto) e cada grupo deve escrever a forma como esse item é chamado na respectiva região que representa.
O mediador – que será o educador – deve filtrar as respostas para identificar se a resposta de cada grupo de fato corresponde à linguagem regional dos estados que representam e atribuir pontos quando o grupo for bem sucedido. Esse exercício é muito interessante para entender a predisposição das crianças a chamarem as coisas pelo nome que conhecem dentro de suas próprias realidades, mas também para estimular que elas ampliem suas visões e passem a visualizar com mais facilidade as possibilidades de variações nos nomes de coisas que fazem parte do seu dia a dia, a partir da perspectiva cultural de outros lugares.
Refeição cultural
Certamente os alimentos são algumas das coisas que mais têm seus nomes flexionados de acordo com a região em que estão inseridos. A exemplo do aipim, que também pode ser mandioca ou macaxeira. Ou mesmo a batata-salsa, que é conhecida como batata-baroa ou mandioquinha. Para promover uma atividade dinâmica e divertida com seus educandos e, de quebra, aproveitar uma refeição gostosa, a dica de brincadeira é a Refeição cultural.
A atividade funciona da seguinte forma: o educador lista um cardápio com alimentos que têm nomes variados em todo o Brasil, envia um bilhete aos pais dos educandos e pede para que eles contribuam com pratos preparados a partir dessas comidas. É bem legal também confeccionar bandeirinhas dos estados e etiquetá-las com o nome dos alimentos em cada um deles. Dessa forma, os alunos vão saborear o conhecimento e experimentar na prática as delícias regionais que compõem a culinária brasileira, compreendendo o nome de cada uma delas em suas terras natais.
Preparado para expandir seu vocabulário?
Essas atividades são simples de serem colocadas em prática e carregam em suas essências a riqueza e beleza do vocabulário nacional. Se sentir pertencente ao seu país, é muito importante para a formação da identidade das crianças e, por isso, compreender as inúmeras possibilidades de fala torna-se essencial nesse processo. Afinal, quando conhecemos o diferente, fica fácil e natural respeitá-lo e valorizá-lo.
Experimente em sua sala de aula e depois conte para a gente como foi. Juntos podemos criar conexões que cada vez mais irão transformar a educação!