No ensino médio, as aulas de Literatura nos obrigam a ler vários livros clássicos, certo?

Normalmente de autores brasileiros ou portugueses (alô Machado, alô Eça!). Depois, vem o vestibular e faz a mesma coisa. Para várias pessoas, esse passo a passo da literatura clássica é uma tortura. Eu não vou contradizer quem pensa assim: é complicado mesmo gostar de ler aqueles livros escritos há séculos atrás, com uma linguagem bastante diferente da nossa, descrevendo uma realidade aparentemente muito distante. Por isso, digo uma coisa: os clássicos são muito mal compreendidos. Eles têm um valor incalculável, não só para passar no vestibular, mas para nossa formação como pessoas, e algumas reflexões rápidas podem te ajudar a olhá-los de outra forma.

Afinal, por que ler os clássicos? Por que gostar deles? Aposto que muita gente já se perguntou isso quando estava lendo A cidade e as serras. Mas aprender a apreciá-los é mais fácil do que você imagina. Gostar de ler é um treino – já gostar de ler os clássicos é um treino duplo. A linguagem mais complicada pode ser uma barreira, no início, mas com o tempo você vai pegando o jeito e aprendendo a ignorar as expressões muito antiquadas. Garanto que um pouco de insistência nessas obras podem mudar sua vida.

 

“Nada, nada, cheira como isso”

Conheça alguns motivos para se apaixonar pelos clássicos

São universais e atemporais

O que será que você tem a ver com o enredo de Crime e castigo, de Dostoiévski? Ou com Dom Casmurro, de Machado de Assis? Muito pouco, alguns diriam. Mas eu diria que você tem tudo a ver com esses personagens. A magia do clássico é que ele consegue descrever com muita precisão as pessoas e os sentimentos humanos. Por isso, dizemos que são universais e atemporais, ou seja, independente de quando você o leia, a essência da obra continua bastante atual.

Os conflitos e emoções dos personagens, seja de culpa, amor, tristeza ou ciúmes, os conectam a nós mesmos e nos ajudam até a entender nossos próprios sentimentos. Além disso, os livros que retratam jogos de poder, corrupção política ou mesmo regimes totalitários, como em 1984, de George Orwell, podem abrir a cabeça do leitor para as conexões que esses mundos fictícios têm com o nosso mundo real.

Deram origem a grande parte das obras atuais

Você já assistiu ao filme O diário de Bridget Jones? Ele foi baseado em um livro, que é baseado em, olha só, Orgulho e preconceito, da Jane Austen, escrito há mais de 200 anos (percebeu a atemporalidade?). Esse é só um exemplo de como os livros clássicos construíram as bases para muitas e muitas das obras que vemos hoje em dia. Como nada se perde, tudo se transforma, a influência que as grandes obras produziram na cultura contemporânea é gigante. E não falo só de livros atuais: vários filmes adolescentes são adaptações modernas dessas obras. Veja alguns exemplos:

  1. 10 coisas que eu odeio em você – inspirado em A megera domada, de Shakespeare;
  2. A mentira – baseado em A letra escarlate, de Nathaniel Hawthorne
  3. As patricinhas de Beverly Hills – baseado em Emma, de Jane Austen;
  4. Segundas intenções – baseado em Ligações perigosas, de Choderlos de Laclos
  5. Ela é o cara – baseado em Noite de Reis, de Shakespeare;
  6. Rei Leão – baseado em Hamlet, de Shakespeare.

Sim, caro leitor, As patricinhas de Beverly Hills e A mentira são releituras de clássicos!

Ajudam a melhorar sua escrita e vocabulário

Pode ser que seja justamente a linguagem rebuscada que mantém você longe dos clássicos. Mas sabia que essas palavrinhas complicadas muitas vezes são o que ajuda você a aumentar seu vocabulário, e até a escrever melhor? Sempre batemos na tecla de que para escrever bem, é preciso ler bastante (de novo a história do treino). Quanto mais você ler frases bem construídas, parágrafos colocados em harmonia e palavras diferentes das que você está acostumado, mais você aprende e pode reproduzir um pouco no seu próprio texto. Parece pouco, mas não é, afinal, como você acha que os bons escritores aprenderam a escrever bem?

Inspiram a pensar, refletir e filosofar

Como eu disse lá em cima, os grandes clássicos são aqueles que refletem sobre a alma humana, que descrevem e captam a essência dos sentimentos e das complexidades emocionais que todos nós temos. Alguns deles são tão profundos que estabelecem uma conexão real com o seu leitor. Claro que não é só a literatura clássica que faz isso, visto que a maioria dos fãs da leitura, seja ela ‘renomada’ ou não, acabam desenvolvendo um afeto especial por determinadas obras.

Por isso, eu diria que a literatura boa é aquela que te faz sair de si, que faz com que você reflita, aquela que não termina quando você fecha o livro. Digo por experiência própria: dos livros que me marcaram, que me fizeram sentir emoções fortes ou provocaram reflexões mais profundas, vários são clássicos. Posso dizer que cada livro que li me marcou de alguma maneira, alguns mais, outros menos. Mas os que provocam transformações ou mudam seu modo de pensar são aqueles que vão te acompanhar sempre.

E aí, qual é o seu clássico favorito? Qual pretende começar a ler daqui para frente? ❤

*Texto retirado do Guia do Estudante.

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