Não é de hoje que professores brasileiros vêm sofrendo com a pressão, com a desvalorização da profissão e com o esgotamento dentro e fora das salas de aula. Segundo a Organização Mundial do Trabalho (OIT), esses profissionais estão na lista das pessoas com maior propensão a ter a Síndrome de Burnout.
No último ano, com as escolas fechadas e o ensino remoto, o que aumentou a carga horária e as responsabilidades dos docentes, o cansaço extremo atingiu níveis mais preocupantes ainda. Por isso, falar sobre a saúde mental dos professores se tornou bem atual e importante.
Você já ouviu falar na Síndrome de Burnout?
Também chamada de Síndrome do Esgotamento Profissional, ela é caracterizada por sintomas como exaustão, estresse e esgotamento físico e mental, causados pela quantidade exagerada de horas trabalhadas, pelas situações de desgaste emocional, competitividade e pelo acúmulo de responsabilidades no ambiente de trabalho.
E, se antes, tudo isso já era um problema, com a pandemia do novo coronavírus o número de professores com sintomas da Síndrome de Burnout aumentou muito mais.
Adaptação sem planejamento
Com a desigualdade social, a falta de recursos e dificuldade de acesso aos materiais, as aulas remotas no Brasil começaram da maneira que era possível e seguiram assim por um bom tempo, impondo uma série de novos desafios para professores.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Península, antes do encerramento das aulas presenciais, 88% dos professores não tinham experiências com ensino a distância, sendo que a maioria deles, 83,4%, não se sentia preparada para isso.
Cuidar de quem cuida
Que os professores estão cuidando do planejamento de aulas, das atividades e dos alunos todos sabem, mas, afinal, quem cuida de quem cuida? É preciso que eles consigam trazer o olhar do cuidado para si, reservando algumas horas do dia para se observar, se permitir a ter o descanso tão merecido.
E como fazer isso? Separamos cinco dicas para ajudar você nesse processo tão urgente e necessário:
Respirar
“Calma, respira…” -, quem nunca ouviu essa frase em um momento de estresse? Apesar de soar como algo clichê, ou até mesmo banal, respirar é mesmo uma ótima maneira para diminuir a ansiedade e controlar as emoções. Mas para funcionar, não basta deixar o corpo estabelecer o fluxo da respiração. Cabe a você parar e prestar atenção no ar que entra e sai. Conheça algumas técnicas que podem ser úteis em momentos de estresse.
- Respiração dos sete segundos: nessa, a proposta é inspirar, prender a respiração por sete segundos e soltar devagar até expelir todo o ar dos pulmões. Depois que fizer isso, inspire novamente contando mentalmente até quatro e segure o ar por três segundos. Expire mais uma vez e conte até sete; repita o ciclo por três vezes.
- Uma narina por vez: essa outra técnica é ideal para ser feita em ambientes nos quais você não pode deitar, ou fazer práticas mais demoradas. Tape uma narina com o dedo indicador fazendo uma leve pressão, e inspire profundamente. Para soltar o ar, alterne a narina e expire pela outra. Faça três tempos para cada narina, ou quantos achar necessário.
Desligar
Pode parecer impossível, mas é essencial que você consiga se desligar um pouco de suas funções, e até mesmo dos noticiários. Trabalhar em casa, muitas vezes significa começar e terminar o dia envolvido com as demandas do trabalho, mas lembre-se do período que antecedeu à pandemia. Os horários e a rotina eram diferentes, não? Por mais que você levasse trabalho para casa, era mais fácil encontrar brechas para passear, papear com os amigos, assistir a um filme ou preparar uma receita gostosa.
É fundamental que você consiga fazer essa divisão no dia, separando momentos de lazer e de descanso. Não fazer nada é, muitas vezes, o que o seu corpo e a sua mente precisam. Em uma sociedade agitada, usar alguns minutos, horas, ou até mesmo um dia para relaxar, pode parecer não produtivo, porém, não há nada de errado em não fazer nada.
Evitar ler ou ouvir muitas notícias também é recomendável. O excesso de informações, principalmente neste momento pelo qual o mundo está passando, pode causar ansiedade e um sentimento de angústia. Claro que é importante manter-se atualizado, mas tome cuidado com o tipo de material e os canais de comunicação que você consome.
Encontrar um novo hobby
Durante o período de isolamento social mais rígido, muitas pessoas passaram a inventar maneiras de se distrair e manter a mente ocupada com outras tarefas que não fossem as do trabalho. Muitas começaram a cuidar de plantas, outras preferiram aprender a bordar ou a tocar um novo instrumento musical, ou ainda, fazer um curso que sempre sentiram vontade de frequentar.
Com o aumento de ofertas de aulas on-line, inclusive até gratuitas, quem sabe não é a hora de você tirar algum sonho do papel?
Plantas e o bem-estar
Mexer com plantas, flores e qualquer atividade que coloque você em contato com a natureza, potencializam ainda mais a sensação de bem-estar, leveza e pertencimento.
Exercitar o corpo
Sabe aquele plano de começar a praticar algum exercício físico que você vem adiando? Pois chegou a hora. Movimentar o corpo libera hormônios, melhora a respiração, a imunidade e proporciona momentos de prazer. Além disso, auxilia na qualidade do sono, no humor e na condição física.
Você não precisa nem sair de casa para fazer alguma atividade física. Muitos canais no YouTube oferecem práticas iniciantes para todos os gostos, como yoga, dança, funcional e muito mais. Caso sinta-se seguro em sua cidade, e queira respirar um pouco de ar puro, atividades ao ar livre como caminhadas, corrida e bicicleta também são ótimas opções.
Buscar ajuda quando necessário
Em algumas situações, as dicas citadas acima podem dar a impressão de que não vão funcionar. Se as coisas estiverem mais complicadas, e você sentir que o desconforto, a tristeza, o esgotamento ou a ansiedade estão muito presentes no seu dia a dia, não deixe de buscar ajuda especializada. Conversar com a família e os amigos é importante, mas muitas vezes um profissional pode indicar caminhos mais eficazes para suas questões. Na dúvida, é sempre indicado consultar um especialista.
Vale lembrar que em muitas cidades, universidades e faculdades possuem programas nos quais as sessões são gratuitas ou com preços acessíveis. Durante o período de pandemia, algumas oferecem inclusive serviços on-line, ou seja, caso não encontre nada em sua cidade, você pode recorrer a instituições de outras localidades.
Não deixe de se cuidar! Você importa!