Brincar é coisa séria. Muito mais que apenas se divertir, a criança, ao brincar, desenvolve habilidades, cria autonomia, experimenta emoções e sensações, explora e conhece o mundo a sua volta.
Brincar é tão importante que tem um dia dedicado especialmente a atividade. Comemorado em todo o mundo, o dia 28 de maio é o Dia Internacional do Brincar. Essa data começou a ser celebrada na década de 1990, por meio da Internacional Toy Library (ITLA), uma associação internacional de brinquedotecas, com reconhecimento da UNICEF.
Semana Mundial do Brincar
Impulsionada pelo Dia Internacional do Brincar, a Aliança pela Infância, um movimento internacional que luta pela dignidade e saúde das crianças, criou a Semana Mundial do Brincar, que neste ano começou no dia 22 e segue até o dia 30 de maio. Durante esta semana, são realizadas ações pelo Brasil e pelo mundo para que professores, pais, pediatras e outros profissionais e associações relacionadas com a infância, possam estar envolvidos com atividades, palestras e debates sobre o tema. O foco da semana é, principalmente para que eles, adultos, lembrem sempre da necessidade do brincar na vida das crianças.
Todo ano, desde o início da Semana Mundial do Brincar, existe um tema para ser trabalhado. Em 2021, em sua 12º edição, o tema são as “casinhas das infâncias”. O foco será resgatar e valorizar as brincadeiras de casinha, que atravessam gerações, mas também valorizar nossas próprias casas, que são os lugares que nos acolhem, principalmente em tempos como esse.
A programação da Semana Mundial do Brincar acontece de maneira livre, sem necessidade de registro ou cadastro. As atividades, jogos e brincadeiras podem ser postadas nas redes sociais com as hashtags do programa, a fim de propagar a ideia da campanha: #smb2021 e #semanamundialdobrincar.
Brincadeiras em grupo
Por meio da brincadeira as crianças vão entendendo como o mundo funciona. Nas atividades em que a criança pode brincar e jogar com outras pessoas, ela começa a entender o que são regras, aprende a ganhar e perder, desenvolver papel de liderança, cooperação e desenvolve muitas outras habilidades que serão úteis por toda a vida.
Para ajudá-las nessa etapa do desenvolvimento você pode incentivar que a criança brinque com irmãos, primos e colegas da mesma faixa etária. Por mais que pareça difícil, não interfira muito nos conflitos, pois opinar, discordar e questionar também faz parte do aprendizado.
Em tempos em que nem todo encontro é permitido, vale lembrar que a tecnologia tem sido boa aliada nas atividades que envolvem mais pessoas. Quando falamos de crianças, o tempo em frente às telas deve ser moderado, mas não proibido. Na internet há diversos jogos lúdicos, educativos e que ajudam a manter a proximidade da criança com seus colegas. As opções variam entre jogos mais modernos, onde elas podem jogar e se comunicar ao mesmo tempo, como se estivessem em uma ligação telefônica, até brincadeiras mais clássicas como “adedanha”, “stop” e jogos de tabuleiro, que ganharam suas versões on-line.
Brincadeiras em família
Os membros da família são o primeiro contato social das crianças e, mesmo que exista uma diferença de idade, são peças importantes no mundo das brincadeiras infantis. A presença de pai, mãe, tios e avós na hora de brincar ajuda no desenvolvimento cognitivo dos pequenos, além de reforçar os laços afetivos.
Com a família, a criança pode aprender novas brincadeiras (e resgatar algumas de outras épocas), conhecer mais sobre a história da família, desenvolver talentos e até conhecer melhor suas próprias preferências. Além disso, é uma forma de entender que existem diferentes momentos no dia, como o de brincar e o de fazer as refeições ou tarefas de casa.
As famílias são livres para escolher a atividade. Mas não esqueça do mais importante: todos devem participar ativamente desse momento para que os benefícios e laços sejam ainda mais fortes.
Brincar sozinho também é importante
Alguns pais sentem-se preocupados ao saber que seus filhos preferem brincar sozinhos. Não há nada de errado nisso, desde que a criança não esteja isolada por outros motivos. Brincar sozinho faz parte do desenvolvimento infantil e ajuda a criança a desenvolver autonomia, independência, imaginação e criatividade.
Outro ponto importante nas brincadeiras solitárias é observar o comportamento, falas e ações das crianças. Antes de saber demonstrar com palavras o que sente, ela se expressa por meio da brincadeira. Ao brincar ela consegue expor pensamentos, ideias e sentimentos e, ao fazer isso sozinha, muitas vezes acabam externalizando algumas inquietudes, ansiedades e comportamentos que não observamos no dia a dia.
Para incentivar que uma criança brinque sozinha, ofereça opções de jogos, brinquedos e atividades fora das telas, em que ela possa expressar e dar vazão aos sentimentos e à imaginação. Vale lembrar que a criança deve sentir-se à vontade no espaço para criar e brincar, ou seja, separe um lugar onde sujeira e bagunça não sejam um grande problema. Tintas, pincéis, massinha e papéis são ótimas opções para os pequenos. Por meio do desenho livre, da pintura, da dobradura e da colagem, a criança desenvolve habilidades motoras, aprende mais sobre as cores e, ao iniciar na leitura e escrita, potencializa o uso da linguagem.
Menos brinquedos, mais brincadeiras
Um estudo realizado na Universidade de Toledo, Ohio (EUA), sugere que crianças que têm menos brinquedos são mais criativas e se desenvolvem melhor. Durante o estudo, pesquisadores analisaram o comportamento de 38 crianças entre um ano e meio e dois anos e meio de idade. Separadas em dois grupos, o primeiro recebeu 16 brinquedos e o segundo, apenas quatro.
O grupo das crianças com menos brinquedos permaneceu por mais tempo interessado e focado nas brincadeiras com os colegas. Dos quatro brinquedos oferecidos, eles brincaram com três. Neste grupo também houve menos incidentes e conflitos entre as crianças. Segundo um dos pesquisadores, menos brinquedos e mais brincadeiras, ajudam no desenvolvimento infantil e em uma vida mais saudável. Já o grupo das crianças com mais brinquedos, ficou mais desfocado e impaciente. Dos dezesseis brinquedos disponíveis, eles acabaram utilizando apenas oito.
Ao final do experimento, os pesquisadores sugeriram que pais, professores e adultos no geral, responsáveis pelas brincadeiras, devem fazer um rodízio se muitas opções de brinquedos estiverem disponíveis para as crianças. Dessa forma, elas podem descobrir e explorar mais cada brinquedo ou brincadeira.
Outro ponto bem importante de lembrar é que quanto mais funções específicas o brinquedo tem, mais engessada fica a brincadeira, fazendo com que a criança não tenha muitas coisas para criar e explorar. Ao estimular brincadeiras em que a criança possa ser livre para criar seu próprio mundo, você ajuda ela a ser mais criativa e permite que ela possa desenvolver várias outras habilidades importantes no processo de aprendizado e crescimento.
Pronto para brincar?