Para formar adultos seguros, é importante trabalhar a confiança desde a infância. Saiba como a escola pode participar ativamente ao inserir aula sobre autoestima. 

 

Os padrões de beleza, a inteligência e o sucesso enraizados em nossa sociedade não são a realidade da maioria das crianças e jovens do Brasil. 

Essa busca sem fim pela perfeição, a qual muitos conhecem pelas mídias sociais, pode gerar muitos problemas emocionais, sociais e de autoimagem. 

Estudo realizado pelo Projeto Dove Pela Autoestima revela dados alarmantes: 84% das jovens brasileiras a partir dos 13 anos usam filtros para “melhorar” sua aparência nas fotos e 78% ocultam características do próprio corpo ao tirar e postá-las nas redes sociais. 

Casa x Escola 

Em casa, os pais preocupam-se com os filhos, mas uma conversa sobre autoestima pode ser difícil devido à carga emocional dessa relação. Nesses casos, a escola tem o papel de mediadora, contudo, mais do que isso, de devolver a aceitação e o amor pela própria imagem e personalidade. 

Qual a melhor maneira de perceber as diferenças que existem entre um e outro que não seja com pessoas reais, ao vivo e a cores, do nosso convívio? 

Sem filtros e ângulos perfeitos, os professores podem fazer reflexões fora da falsa realidade das redes sociais. 

Afinal, como dar aula sobre autoestima? 

Confira a seguir algumas dicas para dar aulas sobre autoestima.

1. Abordar os mais diversos tipos de autoestima e conhecer os alunos 

Antes da aula sobre autoestima propriamente dita, o professor deve conhecer quais são os problemas mais frequentes sobre esse sentimento entre os alunos.

Não adianta falar muito sobre autoestima em relação ao peso, se a maior preocupação deles for sobre a cor da pele, por exemplo. 

Portanto, aborde temas como:

  • peso;
  • corpo em geral (pele, formato, sardas, cicatrizes, cabelo, etc.);
  • etnia;
  • religião;
  • orientação sexual e identidade de gênero;
  • autoconfiança. 

Nas abordagens, é preciso lembrar que existe autoestima física, mas também emocional, e, por isso, o docente deve estar ciente de como andam ambos os aspectos. Mas como? 

  • Questionários anônimos, seja formulários on-line ou bilhetes em sala de aula.
  • O questionário pode ser dirigido ou os alunos podem discorrer como bem entenderem sobre a temática.
  • Debates em sala de aula. 
  • Perguntas sutis sobre questões físicas e emocionais durante as aulas. 

2. Usar a internet ao favor de todos

Num mar de influencers que propagam a vida sem imperfeições, há uma luz de esperança. Atualmente, a onda de influenciadoras(es) fora do padrão está aumentando. 

Apresentá-los aos estudantes é um meio de fazê-los entender que há outros tipos de pessoas para se inspirarem. 

Aulas sobre autoestima devem abordar a realidade dos alunos e usar a internet é super importante porque os jovens passam boa parte de seu tempo em redes sociais. 

  • Mostrar influencers com corpos reais, de todas as cores de pele, pesos e gêneros e estilos;
  • Apresentar criadores de conteúdo que não vivem de forma luxuosa
  • Assistir a vídeos nos quais as celebridades aparecem com e sem maquiagem e photoshop
  • Mostrar o antes e depois de famoso da internet, quando eram pessoas comuns
  • Expor a diferença entre as fotos que os famosos postam e as que eles são marcados. 

Dessa forma, os alunos  passarão a compreender que a perfeição das fotos não é real, e verão que as suas inspirações são mais parecidas com eles do que imaginam. A desconstrução é super importante para a autoestima! 

3. Projetos e palestras 

Existe alguma personalidade, grupo, artista, etc., na cidade que esteja fora do padrão? Chamá-los para uma palestra ou debate é uma rica aula sobre autoestima. 

Coletivos de pessoas negras, com deficiência, LGBTQIA+, com sobrepeso, e demais grupos em que a autoimagem é afetada são bons exemplos. Além disso, profissionais psicólogos também são sempre bem-vindos nesses momentos. 

Projetos exaltando pessoas com as mesmas características dos alunos também são interessantes. Saiba qual é a maior queixa deles e promova amostras de conhecimento de personalidades com essas mesmas queixas para que se orgulhem e vejam algo bom nelas. 

A representatividade também ajuda na construção do amor-próprio. 

4. Atitudes do dia-a-dia 

  • Elogiar sempre tira um sorriso de alguém e dá confiança aos estudantes, e o professor pode fazer disso um hábito.
  • Ficar atento ao bullying e preconceito em sala de aula é uma forma de cortar o mal pela raiz, não deixando que isso se torne comum.
  • Feedbacks negativos não devem ser depreciativos. Apontar os erros com respeito e ensinando como corrigi-los é o melhor caminho. 
  • Incentivá-los a mostrar suas ideias, pensamentos e colaborações lhes tratá autoestima e autoconfiança.
  • Nunca comparar um aluno com outro. 

A aula sobre autoestima é mais do que apenas 50 minutos, é um processo de construção e desconstrução diário e infindável. Confira mais dicas em:

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