Entenda os maiores desafios dos professores na implementação da comunicação não violenta em sala de aula e como superá-los

 

A pedra pode ser usada para construir, brincar ou machucar outras pessoas. A diferença não está na pedra, mas na forma como ela é utilizada. Do mesmo modo, a forma como nos comunicamos pode ser usada para construir relações saudáveis, brincar com as palavras ou ferir sentimentos. Para ajudar seus alunos a se comunicarem melhor e criar um ambiente adequado para o ensino e convívio, é essencial trabalhar a comunicação não violenta (CNV) em sala de aula. 

Neste artigo, abordaremos os principais desafios enfrentados pelos professores ao adotar a CNV e como superá-los. Leia mais:

Desafios para implementar a comunicação não violenta

A comunicação não violenta (CNV) permite construir relacionamentos e mudar paradigmas. O conceito foi desenvolvido pelo psicólogo Marshall Bertram Rosenberg nos anos 1970 e busca resolver conflitos e promover relações baseadas na cooperação, empatia e reciprocidade. 

Rosenberg encara o conflito como parte natural da vida e acredita que ele pode ser resolvido por meio da mediação, do diálogo e da escuta empática. Isso permite que as necessidades e os valores envolvidos sejam considerados em um encontro com o outro.

Embora seja benéfica para o desenvolvimento dos alunos e para o convívio em sociedade, praticar a comunicação não violenta em sala de aula pode ser um desafio. Confira quais são os principais entraves enfrentados pelos professores e estratégias para superá-los:

Não entender o que é 

O professor deve entender que a comunicação não violenta não é apenas deixar de falar em tom agressivo. Na verdade, o processo é mais complexo e consiste em focalizar a atenção no que está realmente vivo em nós e nos outros no que diz respeito a informações, pensamento e sentimentos. 

Na CNV, a linguagem e a maneira como usamos as palavras são fundamentais na capacidade de permanecermos empaticamente conectados a nós mesmos e aos outros. Por isso, ela é baseada em três aspectos:

  • Autoempatia: ouvir a si mesmo.
  • Empatia: ouvir o outro.
  • Autoexpressão honesta: expressando autenticamente seus sentimentos e necessidades.

Para superar essa situação, é importante que o professor estude a comunicação não violenta, seus principais aspectos e aprenda como aplicá-la no dia a dia. Isso pode ser alcançado por meio da participação em cursos e workshops ou ler livros sobre o assunto. 

Resistência dos alunos

A comunicação não violenta é uma forma de se expressar e se relacionar com os outros de maneira respeitosa, empática e colaborativa. No entanto, nem todos os alunos estão dispostos a adotar essa prática em sala de aula, pois podem enfrentar algumas dificuldades ou barreiras. 

Algumas dessas resistências podem ser a falta de conhecimento ou compreensão sobre o que é a CNV e quais são seus benefícios, a dificuldade em reconhecer e expressar seus próprios sentimentos ou a tendência a julgar, criticar ou culpar os outros por seus comportamentos.

Os professores podem introduzir gradualmente os conceitos, modelando o comportamento desejado e oferecendo oportunidades para os alunos praticarem a empatia e a comunicação saudável. Também é fundamental criar um ambiente seguro e acolhedor.

É preciso entender que ensinar a partir de uma educação não violenta requer tempo para se adaptar. Um ambiente de convívio saudável não é  criado de um dia para o outro; exige persistência e paciência diárias. 

Falta de apoio dos pais e comunicação violenta em casa

Outro desafio pode ser a falta de apoio dos pais, que podem não estar dispostos a mudar seus padrões de comunicação ou não saberem como fazer para se comunicarem de forma mais empática dentro de casa. Assim, os alunos podem reproduzir esse comportamento em sala de aula. 

Por isso, é importante saber como educar os pais para agirem dentro dos parâmetros da CNV em casa. Algumas estratégias para isso são:

  • Organizar workshops ou palestras para os pais, explicando os princípios e benefícios dessa comunicação.
  • Fornecer aos pais materiais de leitura, como livros ou folhetos sobre CNV.
  • Durante reuniões de pais e professores, compartilhar exemplos práticos de como a comunicação não violenta pode ser usada para melhorar a comunicação.
  • Elaborar atividades interativas que envolvam os pais, como simulações de situações de comunicação desafiadoras, para que eles possam praticar a CNV.
  • Se for possível, criar grupos de apoio para os pais interessados em discutir o assunto. 

Alunos que reproduzem comportamentos agressivos

Um desafio adicional enfrentado pelos professores é o de lidar com alunos já acostumados a comportamentos violentos, agressivos ou hostis.

Esses alunos podem resistir à mudança e continuar reproduzindo padrões de comunicação violenta.

Quando os alunos replicam comportamentos agressivos aprendidos em casa, os professores precisam abordar essas situações com empatia e orientá-los na direção da CNV.

Para isso, os professores devem ouvi-los atentamente e respondê-los de forma não-agressiva, para influenciar positivamente o seu comportamento. Também é importante conversar individualmente com quem apresenta comportamento agressivo. Assim, o professor pode explicar os princípios da comunicação não violenta e como ela pode beneficiar e melhorar suas relações.

Dentro da sala de aula, o professor pode criar regras e normas de convívio baseadas na CNV para a escola ser um ambiente positivo e de bom convívio

por exemplo, ser proibido gritar ou falar agressivamente com o outro. 

A comunicação não violenta também ajuda na formação do caráter das crianças. 

 

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