E chega a hora de recomeçar… Mais um ano letivo está prestes a iniciar e, portanto, chega o momento de tomar decisões, organizar as inúmeras tarefas, horários, materiais, rever conteúdos, conhecer os(as) novos(as) gestores(as), novos(as) colegas de trabalho e rever antigos(as) amigos(as), enfim, planejar o novo ano que chegou.

Iniciar mais um ano de trabalho nas escolas é ter o privilégio de dar sequência ao exercício da carreira que escolhemos e que tanto lutamos (viagens, trabalhos, documentos, estudos…) para conseguir. Por isso, a constante gratidão pela oportunidade que temos de ter escolhido essa tão importante e abençoada profissão. Torna-se essencial um início de ano carregado de alegrias e motivações, além do entusiasmo para fazer tudo o que deve ser feito da melhor maneira possível, colaborando pela manutenção de uma ambiência de trabalho harmoniosa e de paz, em que a cooperação e a valorização humana estejam sempre em primeiro plano e, acima de qualquer outro interesse, com o trabalho em equipes.

Estamos inseridos em novos tempos de aprendizagem, quando se torna cada dia mais urgente repensar o início dos trabalhos docentes, as posturas profissionais e como estamos preparados para exercer nossa função dentro das escolas. Dentre tantas perguntas que devem ser feitas individual e coletivamente, em reuniões com professores(as), por exemplo, três, em minha opinião, são essenciais para reflexões não apenas no início de períodos letivos, mas ao longo do ano.

A primeira delas é questionar : “Quem são nossos(as) alunos(as)?”. Reconhecer que os(as) alunos(as) de hoje são outros(as), nem menos e nem mais interessados(as), nem menos nem mais leitores(as) ou estudiosos(as); mas verdadeiramente outros(as), com as características próprias e singulares da sua geração, motivados(as) e inseridos(as) em esferas virtuais de seus tempos, o que os(as) caracterizam, em tempos de avanços tecnológicos, pelo título de “nativos digitais”¹. Isso nos faz refletir sobre a forma como participam e esperam que aconteçam as aulas, bem como suas expectativas em relação à escola e as coisas a saber.

A segunda pergunta, também fundamental, em extensão à primeira questão, é pensar: “Que professor(a) eu sou?”. Diante da grande e significativa mudança no que diz respeito aos(as) alunos(as) de hoje, aos seus espaços de circulação social cada dia mais virtuais com comunicações realizadas cada vez mais via artefatos tecnológicos, é importante que repensemos nossa ação docente. Será que nossas aulas têm sido planejadas e organizadas considerando o atual cenário tecnológico em que estamos inseridos? Como temos recebido as novas turmas que chegam a cada ano? Será que a maneira como as aulas de determinados conteúdos foram preparadas no ano anterior podem ser novamente realizadas ao longo deste? É preciso respostas conscientes para esses questionamentos que possam colaborar para uma prática pedagógica atual, inovadora e que atenda as necessidades da nova geração, que são nossos(as) alunos(as).

E, por fim, a terceira e última pergunta: “Qual a identidade da escola em que trabalhamos?”. Independente do nome, endereço, ou tempo de existência na comunidade, a instituição escolar em que trabalhamos deve ser considerada sempre como “A escola”, a melhor para se trabalhar, o lugar que escolhemos (ou para o qual fomos escolhidos!); e esse é, talvez, o maior motivo para assim considerar essa instituição. Ali, naquele ambiente, há “O professor, e A professora” aquele e aquela que independente de questões pessoais, políticas ou de qualquer outra natureza, ira colaborar para a construção de uma identidade escolar que a torne reconhecida por toda a comunidade. Uma identidade positiva que traga comentários também positivos, inquietações que causam mudanças e curiosidades que transformam e, assim, naturalmente, a aproximação da comunidade e dos pais ao ambiente educativo.

Iniciar um novo ano é estar pronto(a) para o novo, para encarar os desafios que aparecerão e que nos farão melhores, mais experientes e preparados para os próximos novos anos que virão. Reconhecer a atual realidade, principalmente reconhecer que estamos diante de novos(as) alunos(as), também nos torna novos(as) professores(as) e, portanto, novas escolas (ainda que antigas!) se fazem presentes e atuantes nas comunidades. As identidades escolares se constroem no dia a dia, não com tinta fresca nas paredes, não com carteiras e cortinas novas nas salas, nem com a troca do uniforme ou do jaleco do(a) professor(a), tampouco com a mudança de gestão. A construção da identidade escolar se faz com vontade pessoal, criatividade profissional, motivação intrínseca e, principalmente, compromisso social.

Que tenhamos um 2018 cheio de trabalho, de muito trabalho, e que assumamos a cada dia desse novo ano o nosso compromisso com a transformação social que está, indubitavelmente, em nossas mãos. Que possamos utilizar da afetividade² aliada à ciência como principal estratégia para afetar nossos(as) alunos(as) para que aprendam mais sobre seus universos e, consequentemente, possam afetar o mundo.

Notas:

  1. Mais sobre o assunto em: PRENSKY, Marc. Digital Natives, Digital Immigrants. MCB University Press, 2001.
  2. Mais sobre o assunto em:  MORENO, M.; SASTRE, G. O significado afetivo e cognitivo das ações. In: ARANTES, V. A. (org.) Afetividade na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 2003, p 87-106.
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