Filosofia, obrigatoriedades e religião: saiba mais sobre as principais diferenças e semelhanças entre escolas brasileiras e gregas
Na Grécia, a terra dos filósofos que ajudaram a moldar o pensamento ocidental, a educação continua sendo um direito fundamental garantido pela Constituição do país. Lá, aprender vai muito além de uma obrigação: a educação é parte da identidade cultural de cada indivíduo.
Neste conteúdo, vamos falar sobre as semelhanças e as diferenças entre os sistemas educacionais da Grécia e do Brasil, passando pela Educação Infantil ao Ensino Médio.
Educação como direito gratuito
Assim como no Brasil, a educação pública na Grécia é gratuita em todos os níveis — da Educação Infantil ao Ensino Superior. Ambos os países entendem a educação como um direito de todos e um dever do Estado. No Brasil, assim como na Grécia, a escolarização é obrigatória a partir dos 4 anos.
Como funciona o sistema de ensino na Grécia
Na Grécia, a Educação Infantil (pré-escola) é voltada a crianças de até 6 anos. Em 2021, tornou-se obrigatório o ingresso a partir dos 4 anos — uma mudança recente, assim como a ampliação da obrigatoriedade para a pré-escola no Brasil, promovida pela Emenda Constitucional 59. O ensino primário grego, equivalente ao Ensino Fundamental I no Brasil, atende crianças de 4 a 12 anos.
Na Grécia, a estrutura educacional é dividida em:
- Educação Infantil: até os 6 anos
- Ensino Primário (Dimotiko): dos 6 aos 12 anos
- Ensino Secundário (Gymnasio e Lykeio): dos 12 aos 18 anos
Aos 15 anos, o estudante grego pode optar por continuar no ensino geral ou seguir um caminho técnico — algo semelhante ao que acontece no Brasil com o Ensino Médio integrado ao técnico, embora com estrutura e exigências diferentes.
Principais diferenças entre o ensino na Grécia e no Brasil
No Brasil, essa escolha ocorre geralmente mais tarde, e o Ensino Médio ainda é, na maioria dos casos, generalista. A educação técnica tem crescido nos últimos anos, mas ainda em menor proporção.
Escolas públicas x privadas
Na Grécia, mais de 90% dos estudantes frequentam escolas públicas. As instituições privadas são voltadas principalmente a famílias com maior poder aquisitivo ou a estrangeiros. O ensino público é centralizado e supervisionado pelo Ministério da Educação e Assuntos Religiosos, que define o currículo e organiza exames nacionais, como o Panhellenic, que determina o acesso às universidades.
No Brasil, a rede pública de ensino também atende à maioria dos alunos na educação básica, mas apresenta índices de qualidade desiguais entre as regiões. O setor privado tem maior adesão entre famílias de classe média e alta, principalmente nas grandes cidades. O Enem é o principal exame de acesso ao Ensino Superior, tanto público quanto privado.
O que podemos aprender com a Grécia?
A valorização da educação pública e o investimento em parcerias internacionais mostram como a Grécia aposta na formação de cidadãos com visão global. Mesmo com desafios econômicos recentes, o país mantém viva a tradição de formar pensadores e profissionais preparados para um mundo em constante transformação.
Apesar da forte herança cultural e filosófica, a Grécia também tem buscado se modernizar por meio de plataformas de ensino on-line, da internacionalização das universidades e da expansão da educação técnica. Em muitos aspectos, seus desafios se assemelham aos do Brasil:
- melhorar a qualidade da educação pública;
- garantir equidade no acesso;
- preparar os jovens para o mercado global.
Brasil e Grécia compartilham o compromisso com a educação pública gratuita e o desejo de expansão do acesso ao Ensino Superior. Ambos enfrentam desafios parecidos, como as desigualdades sociais e a necessidade de modernizar os métodos de ensino. Mas, como berço da educação clássica, a Grécia nos lembra do poder transformador da escola — pública ou privada — na construção de sociedades mais justas e preparadas para o futuro.