Cooperativas e escolas compartilham conceitos e objetivos e podem funcionar juntas
Os princípios cooperativos foram delineados na Declaração de Identidade Cooperativa, aprovada pelo XXXI Congresso da Aliança Cooperativa Internacional, em Manchester, EUA. E muitos desses conceitos também podem ser aplicados em escolas, sabia?
Os princípios do cooperativismo
Conheça os 7 princípios e saiba como eles podem ser aplicados no dia a dia nas escolas.
1. Associação gratuita e voluntária
O primeiro princípio é a adesão gratuita e voluntária, aceitando a todos que estão aptos a utilizar os serviços oferecidos e dispostos a assumir as responsabilidades. Além disso, não pode haver qualquer discriminação sexual, social, racial, política ou religiosa.
É justamente o conceito de aceitar todos sem discriminação que vale também para as escolas cooperativas. Isso porque a escola deve ser humanizada e um ambiente no qual o aluno se sinta aceito, independentemente de questões de gênero, social, racial, política ou religiosa.
2. Gestão democrática
O cooperativismo prevê que as organizações sejam democráticas e controladas por seus associados. Por isso, devem participar ativamente na definição de políticas e tomada de decisões.
Quando há eleição de representantes dos associados, estes devem prestar contas, e organizá-las de forma democrática. Nas cooperativas de primeiro grau, os votos dos membros têm o mesmo peso, ou seja, uma pessoa, um voto.
Sendo assim, outro princípio que pode ser usado na escola cooperativa. Quando há uma gestão democrática do ambiente escolar, os alunos são ouvidos e suas ideias, medos e expectativas são considerados. Um bom exemplo é a Escola da Ponte, em Portugal, que promove uma gestão realizada como cogestão, democrática e participativa. Nela, os alunos participam de tudo, desde a estruturação do espaço, tempo das aulas até o método de aprendizagem.
3. Participação econômica
O terceiro princípio do cooperativismo diz respeito à participação econômica. Em uma cooperativa, todos os membros contribuem e são remunerados na mesma medida, quando há necessidade. Da mesma forma, outros benefícios são divididos de forma igualitária entre todos.
Nas escolas, não há participação econômica dos alunos, como em uma cooperativa. No entanto, é possível associar o princípio à dedicação de tempo e cuidados que cada aluno ou professor deve ter para manter intacto o patrimônio escolar.
4. Autonomia e independência
As cooperativas são organizações autônomas e controladas por seus membros de forma democrática. Assim, quando são feitos acordos externos, é necessário sempre assegurar o controle democrático dos associados e manter a autonomia da própria cooperativa.
Esse princípio está ligado à escola quando falamos de autonomia e independência de cada aluno. Por isso, é importante usar metodologias de ensino que colocam o aluno no centro de seu próprio aprendizado.
Um bom exemplo de autonomia e independência nas escolas é a Escola dos Nossos Sonhos, na Paraíba, onde os alunos são desafiados a serem autônomos e exercerem sua liberdade.
5. Educação, treinamento e informação
As cooperativas se comprometem a educar e capacitar seus cooperados, representantes eleitos, dirigentes e funcionários. Desse modo, eles podem contribuir efetivamente para o desenvolvimento da sociedade. Por isso, elas devem realizar campanhas informativas sobre os benefícios da cooperação.
Talvez esse seja o princípio que mais se assemelha aos conceitos de uma escola cooperativa. A escola deve educar e capacitar os alunos, não apenas com conceitos teóricos de cada disciplina, mas também é seu dever prepará-los para contribuírem com a sociedade em que vivem.
Assim, a escola deve educar sobre assuntos como:
- cooperação;
- ética;
- preconceito;
- diferenças de gênero;
- comunidade LGBTQIA +.
6. Cooperação entre cooperativas
Outro princípio do cooperativismo é a colaboração entre cooperativas, tornando mais eficiente e fortalecendo o movimento.
Na escola, esse conceito não está só na cooperação entre as instituições, mas também entre alunos, professores e outros atores. Dessa forma, a escola do futuro deve ser mais colaborativa e menos competitiva, para que os alunos aprendam sobre princípios como:
- colaboração e contribuição;
- compartilhar responsabilidades;
- juntos são mais eficientes;
- respeito ao próximo;
- equilíbrio;
- empatia.
7. Compromisso com a comunidade
Por fim, o cooperativismo entende que o trabalho em equipe desenvolve a comunidade em sua volta de forma duradoura e sustentável.
Esse é outro princípio que se aproxima muito dos conceitos de uma escola porque a instituição de ensino tem o compromisso com a comunidade ao formar e educar as crianças para o futuro.
Mas, não para por aí. A escola pode trabalhar diariamente com os alunos para transformar e desenvolver a comunidade em que está inserida, criando projetos para o desenvolvimento sustentável da região e colaborando para seu crescimento físico e social.
Portanto, cooperativismo e escola compartilham conceitos muito importantes para o desenvolvimento de uma educação saudável e inclusiva. Então, conheça o Método Freinet, uma metodologia conhecida por sua proposta de ensino democrático e colaborativo.