Muitas vezes, especialmente na juventude, somos tentados a acreditar que somos únicos, independentes na forma de pensar e agir, que vivemos isentos de influências, que somos o que somos porque “nascemos assim”. Na verdade tudo isso é ledo engano. Somos, sim, produtos das mais variadas influências que nos chegam por múltiplos meios. Somos, sim, produtos culturais na forma de conhecimentos, crenças, artes, valores, leis, costumes, capacidades e hábitos criados e recriados ao longo da história da humanidade. O homem, por ser sujeito histórico, social e cultural, se relaciona com os outros num tempo e num espaço e é influenciado pelos códigos linguísticos e elementos instrumentais e ideológicos manipulados pela sociedade. A maioria dos nossos conhecimentos e comportamentos não são resultados de nossa própria experiência, mas sim assimilações das experiências e interesses de outros homens.

Mesmo que pareça controverso, o interessante é que podemos escolher quais marcas formarão o sujeito que seremos amanhã. E é nesse ponto que a escola pode exercer um papel fundamental. É ela que detém grande poder de desenvolver nos alunos o senso crítico e critérios para se fazer uma boa escolha. Entretanto, e infelizmente, a maioria das escolas não está preparada para tal função, pois está assentada num ensino tradicional, essencialmente expositivo de informações consideradas verdades, que deverão ser memorizadas pelos alunos e reproduzidas nas provas, frustrando, assim, o ideal do desenvolvimento pleno da pessoa.

A escola, para atender as demandas do século XXI, precisa pensar suas atividades a partir do trabalho em grupos, que permitam aos alunos, além da convivência, a partilha de ideias, debates, questionamentos, exposição de dúvidas, pesquisas e projetos propositivos de soluções para problemas reais dos alunos e de sua comunidade.

É preciso pensar que é fundamental despertar e ampliar no aluno o espírito inquisitivo de pesquisador, pois este é a chave do conhecimento, e não apenas o vocabulário técnico selecionado por quem, supostamente, detém a verdade. É preciso valorizar o diálogo horizontal para que a construção do conhecimento seja feita com participação ativa e reflexiva do aluno. O bom professor é aquele que estimula a participação do aluno e com ele define o que é significativo estudar.

A boa escola deve instigar e potencializar o desejo do aluno, criança ou jovem, de ser único. Entretanto, ao mesmo tempo a escola deve proporcionar inúmeras oportunidades de convivência e reflexão sobre a diversidade cultural que envolve cada um dos alunos de modo que tomem contato com as marcas culturais que estarão presentes neles e determinarão os sujeitos que serão no futuro.

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