O desenvolvimento profissional vai muito além das salas de aula. Confira a importância dos estudos para uma educação transformadora.
Semanticamente, o professor é o profissional responsável pelo ensino e aprendizagem, a partir da transmissão de conhecimentos, desenvolvimento de habilidades, promoção do crescimento intelectual e pessoal e do estímulo ao interesse dos alunos a respeito de temas até então desconhecidos. Assim, o professor exerce uma importante influência no processo de formação integral do cidadão, à medida que contribui para a evolução das capacidades cognitivas, sociais e emocionais.
Por sua vez, os saberes nas mais diferentes áreas do conhecimento são constituídos por elementos dinâmicos e modificáveis com o passar do tempo, sofrendo influência das mudanças sociais, tecnológicas e avanço das pesquisas científicas. A partir de então, surge a provocação que fundamenta a reflexão levantada: “professores são eternos estudantes”. Evidentemente, é compreensível considerar que professores sejam eternos estudantes a julgar que seguem aprendendo, infindavelmente, por meio de formações complementares e experiências vivenciadas no cotidiano da sala de aula. Também, há de se considerar que as demandas trazidas por grupos de alunos com características específicas — influenciadas pela cultura, localização, nível socioeconômico e época — são, sem dúvida, determinantes que devem respaldar os comportamentos e nortear as ações dos professores.
Nesse contexto, o compromisso ético que permeia o ato de ensinar e aprender denota associações intrínsecas às relações humanas, como destaca Paulo Freire: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua própria construção”. O princípio citado reitera o compromisso dos professores sobre a formação continuada, à proporção que os estudos retratam o compromisso ético inerente à profissão.
Em consonância, Vigotski explica, em suas obras, que o desenvolvimento pleno das crianças ocorre na inserção escolar, capaz de possibilitar a interação com o outro, com a cultura e com o conhecimento, constantemente construído ao longo da história. devendo os professores atuar como mediadores para o desenvolvimento da responsabilidade social a partir de estratégias e ações pautadas por afetividade, respeito, empatia, escuta, coragem, compreensão e resiliência.
Ser professor é, ainda, reconhecer que estudar rotineiramente é um verdadeiro ato de amor, ao passo que todo e qualquer estudante merece professores comprometidos em ofertar o seu melhor. Mia Couto cita: “Ensinar não é transferir o saber, é partilhar o sopro que acende a chama.”Professores, quando reconhecidos como eternos estudantes, merecem ser celebrados por colocarem em prática o compromisso com uma educação viva, ética, sensível e com potencial de transformar vidas.
À luz das reflexões apresentadas, os elementos trazidos fundamentam a profissão docente, marcada permeada por uma busca constante de conhecimento e atualizações. É imprescindível que os professores, como mediadores do conhecimento, estejam atentos a estratégias de ensino eficazes e relevantes; e à medida que a educação, novas descobertas, tecnologias e abordagens pedagógicas surgem naturalmente.
Em contrapartida, o professor torna-se despreocupado em se atualizar, responsável por impactos negativos atribuídos à sua prática docente, como a dificuldade de engajamento dos alunos e transmissão de conteúdos desatualizados. É importante mencionar, ainda, que a formação inicial, o conhecimento tácito e a formação continuada constituem o tripé da motivação constante pela busca de respostas e pelo aprimoramento das práticas docentes, garantindo o domínio e a destreza necessários para lidar com situações inesperadas e esclarecer dúvidas em sala de aula.
A interação com os alunos, a consideração de suas dificuldades e a adaptação do ensino a diferentes perfis são tarefas fundamentais ao avanço de novos conhecimentos. Refletir sobre o papel do professor como um eterno estudante não é apenas um discurso, mas uma necessidade pertencente à profissão, em um cenário no qual a aprendizagem contínua, viabiliza ao professor ocupar uma posição relevante, inspiradora e eficaz no processo educativo.
Por fim, há de se concordar que a missão dos professores potencialmente transforma vidas, motivar sonhos e construir futuros promissores. Contudo, tais objetivos somente são possíveis quando o exercício da profissão contempla dedicação, amor e sabedoria, transmitidos por professores suficientemente capazes de inspirar, acolher e ensinar elementos que transcendem os conteúdos propostos nos projetos pedagógicos. A cada tarefa passada, a cada gesto executado e a cada palavra proferida, sementes de conhecimento e esperança podem ser plantadas no pensamento e no coração de cada aluno.
Por Vânia Machado.
Ela é doutoranda em Ensino de Ciência e Tecnologia pela Universidade, Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR); assessora pedagógica do Programa A União Faz a Vida (PUFV);