Nesta terça-feira (2), Dia Mundial da Conscientização do Autismo, aproveite para pensar sobre o diferente
por Fabio Cordeiro
Hoje, acordei e parecia uma manhã como qualquer outra. A minha rotina é muito bem definida, pois gosto que as coisas aconteçam de maneira muito parecida. Sair do planejado me deixa aflito.
Assim, prossegui, tomei meu café e fui ver as notícias. Parecia ser uma data especial, já que várias manchetes falavam do mesmo assunto. Muito interessante, vi do que se tratava. Estavam falando sobre uma condição, parece que nem tão rara assim. Diziam que existem milhões de pessoas vivendo no Brasil com essa condição. Ao que tudo indica, o mundo está repleto delas.
E hoje é dia de conscientizar! Pelo menos era o que saltava aos olhos nos destaques das matérias das redes e dos jornais. Curiosamente, antes de refletir sobre o tema ao qual estavam buscando dar visibilidade, fiquei fascinado por esse termo. Seja sobre o que for, não vai importar muito se eu não souber o que acarreta tal conscientização: trazer à consciência, tornar-se ciente de alguma coisa. Uma questão puxa a outra. Como ficar ciente sem que aquilo seja comum para mim? E aí, penso no que é comum. Ser um indivíduo que vive em uma sociedade é comum. Ser alguém que acorda e segue sua rotina é comum.
Também é comum ser alguém que não se planeja muito e vive um dia de cada vez. Estar atento às notícias é comum, assim como não dar a mínima para o que dizem os jornais. Existem muitas maneiras de existir, todas muito comuns. Mas o incomum também existe. E, pasmem, ser INCOMUM é mais comum do que podemos imaginar. É aí que se faz a humanidade. Dentro dessas variações de normalidade em que o meu comum parece estranho aos meus “incomuns”. E vice-versa. E vice versa!
Você pode acordar um dia e perceber que, em seu mundo, muitas coisas ainda não são claras. Mas é fundamental que você entenda que o seu mundo termina no momento em que se abre os olhos ao despertar em toda manhã. A partir daí, você entra em um mundo que pertence a todos, no qual os diversos “comuns” coexistem em uma comunidade que só pode existir se for diversa. Uma sociedade sem diversidade simplesmente não existe. Essa é a primeira verdade da qual devemos nos conscientizar.
Em seguida, é essencial reconhecer que não sabemos de tudo, mas que estamos sempre prontos a aprender. Aprender envolve ouvir e aceitar. Tornar-se consciente significa entender que o que pode não nos parecer normal é, muitas vezes, apenas o reflexo do nosso desconhecimento e dos nossos preconceitos falando mais alto. Sim, todos nós temos preconceitos. O que nos diferencia, no entanto, é o que escolhemos fazer com eles.
Hoje é o Dia da Conscientização sobre o Autismo, uma data para desconstruir os conceitos errôneos que muitos de nós podemos ter sobre o tema. É um dia em que essa condição está em evidência, oferecendo-nos a oportunidade de aprender mais sobre essas pessoas. Afinal, quando discutimos condições humanas, estamos falando sobre pessoas. Pessoas que acordaram hoje, em uma manhã que parecia ser como qualquer outra, tomaram seu café e foram ver as notícias. E, hoje, elas enfatizavam que o Autismo não é uma doença e que ser uma pessoa autista não significa ser menos do que ninguém. Os jornais destacavam que pessoas com essa condição merecem ter as mesmas oportunidades, em igualdade de condições, que quaisquer outras.
Ressaltavam que o Autismo não deve ser utilizado como um adjetivo pejorativo, que não se deve fazer piadas que diminuam a pessoa autista simplesmente por sua maneira de ser ou por suas dificuldades. E tudo isso parece tão óbvio quando vejo estampado nos jornais e nas redes sociais que me questiono: como não me dei conta disso antes? Ao mesmo tempo, percebo que a resposta para essa pergunta não é o que mais importa. O que realmente importa é o que farei daqui para frente com essas informações. Se eu não estiver disposto a ouvir, aprender e aceitar, de nada adiantará.
A evolução do ser humano ocorre com a desconstrução dos preconceitos, para evitar que se transformem em atos de discriminação, mesmo que inconscientes, que podem infringir não só as leis, mas também a própria existência de alguém. A verdadeira beleza da conscientização reside no fato de que ela nos impulsiona sempre para frente. Todos nós já cometemos erros baseados no que não sabíamos. A cada manhã, ao abrirmos os olhos e nos levantarmos para compartilhar o mundo com todas as formas possíveis de existência, recebemos uma nova chance de ampliar nossa consciência.
Hoje, dia 2 de Abril, celebra-se o Dia da Conscientização sobre o Autismo, um marco significativo em nossa caminhada de evolução que nos oferece a possibilidade de aprender mais sobre essas pessoas. Entretanto, é importante lembrar que todos os dias são oportunidades para nos conscientizarmos sobre diferentes questões. Não deixe nenhuma passar!