O ano de 2018 promete muitos novos desafios para a educação. Uma pesquisa realizada em conjunto pelo Instituto Ayrton Senna, Insper, Fundação Bravo e Instituto Unibanco revela que 27% dos jovens – ou 2,8 milhões de alunos – com idades entre 15 a 17 anos, não vão se matricular no início do ano letivo de 2018. A saída desses alunos vai gerar um prejuízo de R$ 35 bilhões ao país. Os principais motivos para esta evasão escolar são a qualidade de ensino, o clima do ambiente escolar e a baixa resiliência emocional.
A falta de interesse também foi indicado com um fator-chave para os alunos estarem desistindo da escola. Uma pesquisa realizada pelo MEC apontou que os alunos estão se sentindo cada vez mais entediados em sala de aula, principalmente por não conseguirem se interessar pelas matérias. Segundo a pesquisa, as disciplinas de língua portuguesa e matemática são consideradas as mais úteis por 78,8% dos alunos. Já geografia, história, biologia e física são consideradas descartáveis para 36% dos entrevistados. Prender a atenção dos alunos está cada vez mais difícil, principalmente na era tecnológica em que estamos vivendo, onde o ensino clássico está tendo que disputar a atenção dos alunos com os dispositivos eletrônicos, como o celular.
A pesquisadora de Educação Ilona Becskeházy, em entrevista para a CBN, afirmou que a qualidade do ensino é fundamental para manter o estudante na escola:
“À medida em que o aluno vai crescendo, ele começa a perceber que não está aprendendo e aumenta a concorrência com outras coisas que ele faz fora da escola. Elas podem tirar a atenção se a escola não mostrar qualidade. Todo os dias, as escolas devem ter alguma coisa interessante acontecendo e um engajamento sério e aprofundado no aprendizado.”
A boa notícia é que nem tudo está perdido. Novas metodologias estão sendo criadas e que prometem mudar a forma como o currículo escolar é cumprido dentro de sala de aula, tornando os conteúdos mais interessantes e interativos. A tendência para o próximo ano é que a tecnologia vire uma poderosa aliada do aprendizado na sala de aula. Confira abaixo 5 tendências para a educação no ano de 2018 que irão inovar o aprendizado:
1. Gamificação
A primeira aposta para 2018 é o uso de jogos digitais como ferramenta de ensino. Você sabia que métodos passivos de ensino retêm menos de 30% da atenção dos alunos? Já os jogos digitais são capazes de reter cerca de 90% de atenção.
A tendência é que mais jogos sejam desenvolvidos para serem usados pelos professores. A ideia é que esses jogos tenham personagens, prêmios (bônus), pontuação e níveis de dificuldade variados para ensinar determinado assunto. Comparado com a maneira tradicional de ensino, estima-se que os jogos tenham mais capacidade de aumentar a produtividade. Com os jogos, os alunos poderão conectar-se virtualmente com outros estudantes para trocar ideias e colaborar em projetos.
2. Pesquisas aprofundadas
A segunda tendência é que as escolas passem a fazer um monitoramento mais detalhado do desempenho do aluno. Acredita-se que em 2018 vão surgir novos sistemas que permitam ver como o aluno foi nas tarefas de casa, nos projetos, nas provas e qual a sua frequência nas aulas em tempo quase que real. Com essas informações em mãos, será mais fácil observar padrões, tendências e pontos que precisam ser trabalhados melhor com cada aluno.
3. Ensino híbrido
Em alguns países do mundo, como a Finlândia, já é normal a priorização de projetos em sala de aula ao invés do ensino tradicional, como explicamos neste artigo aqui. Nesse cenário, o professor tem um papel mais de mediador. Para 2018, espera-se que mais escolas ao redor do mundo passem a adotar esse método. A ideia central é que seja fornecido de antemão para o aluno um material digital para que seja estudado. Na sala de aula, o aluno teria a oportunidade de transformar o que foi estudado em um projeto. Dessa forma, haveria mais interação entre os estudantes e eles poderiam aprender a matéria de uma forma leve e divertida.
4. Storytelling
Storytelling é um termo em inglês que significa “Contação de Histórias”. Essa técnica não é somente uma ferramenta, mas sim uma metodologia que abraça diversas técnicas de comunicação que envolvem histórias.
Nós já postamos um texto do professor Daniel Medeiros falando sobre a importância de contar histórias para revolucionar o ensino. Essa será uma das tendências para 2018. Utilizar recursos como cenas do cotidiano, imagens, vídeos, trilha sonora, infográficos e textos atraentes é uma ótima técnica para atrair a atenção dos alunos e explicar o conteúdo de uma forma prática e memorável.
É preciso tomar cuidado apenas para que a história seja muito bem planejada, sistematizada e esteja totalmente alinhada com o conteúdo a ser estudado. Com histórias envolventes e elementos que se conectem com os alunos, o storytelling com certeza será uma referência em termos de inovação no ensino.
5. Mobile Learning
A 5ª tendência é mobile learning. Ou seja, o uso de computadores, tablets e até mesmo smartphones para aprender. Com o uso dessas tecnologias é possível utilizar videoaulas, livros digitais, aplicativos e outros materiais complementares para incrementar as aulas.
A pesquisa do Instituto Ayrton Senna concluiu que no atual ritmo de evolução da taxa de inclusão de jovens no Ensino Médio, o Brasil levará 200 anos para atingir a meta do Plano Nacional de Educação, que é garantir o atendimento escolar a toda a população de 15 a 17 anos. Mas, se o ritmo for semelhante ao dos países da Ásia Ocidental – que conseguiram se desenvolver rapidamente neste quesito – isso poderia ocorrer em 2030, com quase 14 anos de atraso em relação à meta prevista no Plano Nacional de Educação.
Para garantir que haja evolução no crescimento da taxa de inclusão dos jovens é preciso que a forma como o conteúdo é passado em sala de aula seja revisto urgentemente, e que novas técnicas de ensino sejam adotadas para garantir o interesse e permanência dos estudantes em sala de aula.
E você, professor? O que pensa sobre as tendências citadas acima? Quais delas você pretende adotar em 2018? Deixe sua opinião nos comentários abaixo.