O Método Montessori de ensino é um conjunto de práticas, teorias filosóficas e materiais didáticos desenvolvidos por Maria Montessori, após anos trabalhando com crianças na área de psiquiatria. O princípio fundamental do método é de que as crianças podem aprender sozinhas se tiverem liberdade para tal. O método montessoriano foi primeiramente aplicado em escolas de ensino infantil na Itália, sendo posteriormente adotado em escolas do mundo todo. O método tem feito sucesso até mesmo em clínicas de repouso, que aproveitam algumas de suas características para o tratamento de demência e Alzheimer.

Em 2016, as escolas montessorianas passaram a ganhar destaque na mídia quando o Duque e a Duquesa de Cambridge, Príncipe William e Kate Middleton, anunciaram que estariam colocando o filho mais velho, Príncipe George, em uma escola montessoriana. A procura por esse método aumentou bastante desde então, porém muitos pais e educadores ainda não compreendem exatamente como essa metodologia funciona na prática. Acredita-se que a ideia de liberdade do Método Montessoriano inclui deixar a criança fazer o que bem entender, sem nunca impor regras, porém, para o Método Montessori, essa liberdade inclui sim reconhecer e respeitar limites e assumir responsabilidade pelos seus atos. Mas então do que se trata o método montessoriano afinal e como ele funciona na prática?

Os princípios do Método Montessori

Confira abaixo três das principais filosofias e conceitos que envolvem a metodologia montessoriana:

1. Autoeducação

Este é o conceito-chave que rege todo o Método Montessori. Supõe-se que a criança tem mais capacidade do que adultos e elas podem perfeitamente aprender por si só se o ambiente for propício para isso. A autoeducação é feita através do uso de materiais específicos, que são feitos para serem manipulados pela criança.

Existem vários materiais que foram desenvolvidos pela própria Maria Montessori e que são usados tanto nas escolas montessorianas quanto nas escolas “regulares”. O mais famoso deles, e que você provavelmente já viu ou até mesmo utilizou em sala de aula, é o cubo dourado, que materializa o sistema decimal.

A ideia é que a criança possa sentir as diferenças de tamanho, peso, visão, etc. entre unidade, dezena e centena, estudando a matemática de uma forma mais prática. Conforme a criança se sente preparada, ela passa a evoluir para os próximos desafios. Um exemplo é o ensino das cores. O primeiro material ao qual a criança tem acesso é feito apenas as cores primárias. Conforme o aprendizado evolui, ela passa para um material mais rico, com onze cores, e assim gradativamente até ela conhecer todas as cores.

Os professores e os pais devem auxiliar a criança o menos possível durante o processo de aprendizagem, ela tem que aprender a perceber os seus próprios erros e corrigi-los.

Como parte da autoeducação, as crianças são dividas em grupos com idades misturadas. Acredita-se que as crianças se sentem mais estimuladas a aprender quando estão na presença de crianças mais velhas. A curiosidade delas é despertada pelo o que as mais velhas estão fazendo e as crianças mais velhas aprendem melhor a matéria quando estão ensinando-a para as mais novas. Geralmente, as crianças ficam juntas de 1 a 3 anos, de 3 a 6, de 6 a 9, de 9 a 12 e assim por diante.

2. Ambiente preparado

O ambiente é o segundo fator mais importante para o sucesso da metodologia montessoriana. O ambiente tem que ser organizado e ao alcance da criança. A ordem com que os materiais ficam organizados no Método Montessori é bastante interessante e acompanha a lógica da nossa leitura (que vai da esquerda para a direita): os materiais mais básicos ficam do lado esquerdo, na altura dos olhos da crianças, e é o que ela enxerga primeiro. Os materiais mais complexos ficam na direito, embaixo, fazendo com que a criança precise se abaixar para acessar lições mais complexas. Isso faz com que a criança sinta o ambiente de forma mais intuitiva.

Também não existe lugar fixo dentro da sala para a criança ficar. Ela pode escolher entre fazer as atividades em uma mesa ou sentadas no chão. Com autorização do(a) professor(a), elas podem até mesmo ir para outras salas. Também fica a critério das crianças decidir de que forma desejam trabalhar, se preferem estudar em grupos, duplas ou individualmente.

3. Professores como “guias”

O papel do professor na educação montessoriana é de servir como uma espécie de auxiliar para as crianças. O professor deve ajudar a manter a sala organizada e supervisionar a atividade dos alunos. Caso uma criança não esteja demonstrando interesse por nada ou esteja muito tempo em uma mesma atividade, cabe ao professor investigar o que está acontecendo e ajudá-la a escolher uma atividade ou a se desprender do que está impedindo o seu desenvolvimento.

Outro aspecto que vale destacar é que as escolas montessorianas adotam um currículo multidisciplinar, ou seja, várias matérias podem ser trabalhadas juntas em uma mesma aula. Por exemplo, quando as crianças estão aprendendo sobre ritmo, elas aprendem na mesma aula música e matemática.

Além desses três principais fundamentos, também podemos citar a educação voltada para paz, para a ciência e a preocupação com o equilíbrio emocional da criança. Afinal, o objetivo principal do Método Montessori é desenvolver a criança de forma completa e equilibrada, razão pela qual essa metodologia tem conquistado pais, alunos e educadores no mundo inteiro. Entre os admiradores, podemos citar o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, Gabriel García Márquez, que estudou em uma escola montessoriana e afirmou que a metodologia é excelente para sensibilizar as crianças sobre as belezas do mundo e para despertar a curiosidade para os segredos da vida.

Se você gostou de conhecer mais sobre o Método Montessori, também pode se interessar pela Pedagogia Waldorf, uma metodologia que também é pautada na autoeducação. Para ler mais sobre a Pedagogia Waldorf, clique aqui.

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