O método montessori de ensino, criado pela educadora, médica e pedagoga italiana Maria Montessori, destaca a importância da liberdade e autonomia no aprendizado da criança. Segundo a educadora, cada aluno deve ser respeitado e estimulado como um indivíduo único, com suas próprias responsabilidades e tempo de desenvolvimento mental.
Nesse texto vamos ver como o método montessori se aplica na educação diária, no ensino regular e quais são seus pilares. Confira:
Educando cidadãos para um mundo melhor
Apesar de também abranger matérias como matemática e literatura, o método montessoriano permite que as crianças desenvolvam habilidades além do esperado no ensino regular. Os desenvolvimentos motor, social e cultural fazem parte da rotina de uma educação montessoriana. As crianças aprendem sobre a natureza, o meio ambiente, atividades domésticas e manuais, e são estimuladas ao convívio coletivo e ao bom comportamento em sociedade.
Os seis pilares da educação montessoriana
Dividido em pilares, o método contempla desde o preparo das aulas até o desenvolvimento de atividades para cada aluno.
- Autoeducação: nada mais é do que a ideia de que as crianças são extremamente capazes de aprender sozinhas, desde que possam contar com um ambiente preparado para tal. Por isso, a importância das salas e materiais que possam ser livremente explorados pela criança, dando a ela a chance da escolha, da liberdade, do erro e do estímulo ao desafio.
- Educação como ciência: nessa etapa o educador compreende o processo de ensino e aprendizagem de cada criança, respeitando seu tempo e estimulando-a com atividades de acordo com seu desenvolvimento. Sentindo-se capaz e motivada, a criança não só aprende mais, como potencializa sua inteligência emocional, seu equilíbrio interior e claro, sua felicidade e autoestima.
- Educação cósmica: ao compreender que a natureza está conectada ao ser humano e que cada animal, planta ou indivíduo é responsável por tarefas importantes que fazem o planeta e o universo existirem, a criança desenvolve um senso de gratidão e curiosidade pelas coisas do mundo, buscando sempre explorá-lo cada vez mais.
- Ambiente preparado: para explorar, ser livre e desenvolver suas habilidades, autonomia e responsabilidades, o local de atividades deve ser adaptado de acordo com a faixa etária do aluno. Desde a escolha dos materiais até os móveis, tudo deve ser pensado na experiência da criança. Ela tem acesso livre ao que precisa? Tem tudo ao seu alcance?
- Adulto preparado: no método montessoriano o adulto é um facilitador dos processos de ensino-aprendizagem. Para dar conta dessa demanda é preciso que o educador esteja preparado e saiba exatamente sobre o desenvolvimento das crianças, não somente de acordo com sua faixa etária, mas com seu processo individual de aprendizagem e desenvoltura. É necessário que o profissional seja, além de capacitado, sensível, paciente e observador.
- Criança equilibrada: aqui não tem segredo: toda criança é uma aprendiz. Quando está em um ambiente que acolhe e impulsiona para o aprendizado, o desenvolvimento acontece de forma crescente e natural. Por isso a importância do ambiente e do adulto preparado.
Método montessoriano não é aprender através de brinquedos
Em uma de suas frases mais conhecidas, Maria Montessori diz: “Brincar é o trabalho da criança”. E disso não podemos discordar. Quando uma criança pode ser livre para escolher com o que quer brincar, quando e onde, seu desenvolvimento acontece de forma mais leve e natural, construindo pouco a pouco sua história, sua ideia de mundo e seu pensamento crítico.
Quando falamos do brincar, é comum que as pessoas rapidamente pensem em bonecas, carrinhos, bolas e outros objetos geralmente coloridos com funções cada vez mais tecnológicas. Para Maria Montessori, deixar que a criança brinque apenas com brinquedos e atividades com muitas regras preestabelecidas limita a criatividade, a imaginação e a própria brincadeira da criança.
Além de, muitas vezes existirem para causar o desejo de compra nos pequenos, alguns brinquedos possuem limitações técnicas que não permitem que a criança possa explorar o uso. Uma boneca que fala, come e faz suas necessidades fisiológicas em uma fralda, pode despertar o interesse da criança por algumas horas, alguns dias, mas e a longo prazo? Qual a novidade da brincadeira? O que mais a criança pode inventar com a boneca? Na maioria das vezes, a indústria já definiu o que deve ser feito com aquele brinquedo.
Brincar com terra, água e areia, não necessita de manual de instruções. Toda criança tem a capacidade de se divertir por conta própria, fazendo seu próprio “trabalho”, que é o brincar. Quando o ambiente permite que ela seja a dona dos próprios jogos e invenções, os brinquedos não fazem falta, afinal, o que é só um brinquedo no meio de tantas possibilidades para criar e imaginar?
Como implantar o método montessori em uma escola de ensino regular?
Você não precisa estar em uma escola montessoriana para propor atividades desse método. Apesar de existirem inúmeras diferenças entre uma escola que trabalha exclusivamente com o método montessoriano e uma escola de ensino regular, ambas as propostas têm em comum a educação infantil. A diferença está nos métodos de aprendizagem, principalmente na postura do educador, nos materiais didáticos escolhidos e no posicionamento do aluno com as atividades.
Propor tarefas que estimulem o contato do aluno com a natureza, com o brincar livre e a responsabilidade de cada um, potencializa a aprendizagem e é uma forma de incluir a metodologia em escolas mais tradicionais. Quando a criança está imersa e concentrada trabalhando nos seus afazeres, o esforço muitas vezes não é nem sentido, mas é compensado com prazer e a felicidade da realização do que foi proposto. Para Montessori, a atividade livre e a concentração pelo puro interesse são os segredos para que não haja o desinteresse e o cansaço, permitindo que a criança esteja sempre interessada em explorar e aprender cada vez mais.
“Nunca ajude uma criança em uma tarefa que ela sente que pode realizar sozinha”, Maria Montessori.
Um dos segredos da educação montessoriana é deixar que a criança possa errar sempre, sem se sentir reprimida ou diminuída por isso. Uma criança que depende do educador para tarefas simples não desenvolve autonomia e não se sente livre para experimentar, bem como pode ter medo de fazer algo errado. Fazer com que os pequenos percam o medo de se arriscar é fundamental para que o processo possa ser implantado em sala de aula.
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