A relação “ESCOLA X COMUNIDADE”, centro de muitas discussões no espaço escolar, está com os dias contados. Saiba por que estes dois espaços precisam estar juntos, ou seja, estabelecer objetivos e ações comuns

Durante muito tempo, nós, educadores, pais e a comunidade escolar como um todo, teimamos em estabelecer limites claros e intransponíveis entre esses espaços, determinando o que caberia a cada um. Com o passar do tempo, as transformações históricas e educacionais nos fizeram perceber que essa relação não deveria ser assim. Reconhecemos então que existia a possibilidade de uma educação formal e uma educação informal, e que, juntas, poderiam transpor qualquer obstáculo no processo de aprendizagem de nossas crianças, e que, uma sem a outra, não possibilitaria o que almejamos, que é uma educação integral.

E esse processo não poderia ser diferente! Como indivíduos, sujeitos históricos e sociais, que trazem em si a singularidade, poderiam participar do coletivo de modo a ignorá-la? Como exigir, processos de aprendizagem únicos para pessoas iguais, se somos todos diferentes? Como construir o conhecimento desconectado da realidade e de nossa comunidade, se retornar, à ela, após nossa construção acadêmica, é o que desejamos?

Não, nada disso é possível, independentemente do espaço que habitamos, da função que exercemos, somos humanos e, por isso, é de nossa natureza aprendermos uns com os outros.

Por que então, queríamos tanto os muros que determinavam o limite da escola, do professor e da comunidade?

A verdade é que cada ator da comunidade escolar é essencial, e a busca por um só objetivo, a aprendizagem, ou a habilidade de aprender, é compromisso de todos. Pois a criança que chega até nós para receber educação, logo retornará à comunidade, como agente de transformação.

Portanto, o mais sensato é que esses cenários propiciem, na mesma medida, a compreensão de suas necessidades e os caminhos que levam até a sua superação. Por isso, cada vez mais percebemos a importância de transpor muros e construirmos pontes entre os que desejam uma educação integral: família, escola e comunidade em geral.

E como podemos fazer isso?

Como eu, como professor, posso levar a comunidade a participar do processo de construção do conhecimento de nossas crianças?

A seguir, apresentamos oito alternativas propostas pelo Professor Ricardo Casco, de práticas que integram o Programa União Faz a Vida e que podem também transformar a sua realidade. Se você ainda não conhece o PUFV, acesse aqui e saiba como uma metodologia pode transformar vidas.

  1. Cinco ou seis vezes por ano, professores e pais devem se reunir para discutir as possibilidades educativas das turmas das quais seus filhos fazem parte.
  2. Conversas individuais entre professores e familiares são sempre bem-vindas e atendem a problemas específicos.
  3. Ampliar a compreensão da família sobre temas importantes à escola é sempre uma estratégia de engajamento e transformação.
  4. Especialistas podem e devem compor uma rede de apoio aos professores e familiares, pois é com suas expertises e do trabalho coletivo, que muitos dos objetivos estabelecidos no âmbito escolar podem ser alcançados.
  5. Trabalhar junto é sempre uma proposta válida, pois  sabemos que os resultados são muito maiores!
  6. E que tal aprender fazendo? É assim que crianças e adultos aprendem melhor, e para que isso ocorra, basta chamar a comunidade para participar, e com a certeza de que todos ainda têm muito a contribuir com a escola.
  7. Eventos e celebrações são sempre oportunidades únicas para que comunidade e escola possam vivenciar experiências enriquecedoras e relevantes para todos.
  8. E por fim, os tradicionais passeios, visitas e aulas de campo, são estratégias de envolvimento de todos para a formação integral.

Além dessas propostas, as famílias e a comunidade em geral podem participar de modo ainda mais efetivo do processo de aprendizagem escolar, pois o que faz sentido, o que traz significado à aquisição do saber, é quando a criança percebe que o que aprende na escola está relacionado ao que vivencia na comunidade e vice-versa.

  • Está desenvolvendo um projeto sobre alimentação escolar? Quem da comunidade pode auxiliar? Talvez aquela mãe nutricionista, o avô agricultor, ou quem sabe a cozinheira que aproveita os alimentos integralmente.
  • E se o assunto for a vida das formigas? Um biólogo ou um professor de biologia de um nível mais avançado de ensino, com certeza terá muito a contribuir. E aquela família que vive na comunidade rural oonde há formigueiros gigantes ou que usa um mecanismo natural de controle das formigas, pode receber os alunos para uma investigação?
  • Os jardins floridos encantam as crianças e, nesta época do ano, a curiosidade delas sobre esse espaço pode ser uma aliada no processo de aprendizagem. Podemos começar visitando uma praça, buscando uma floricultura para ampliar nossa percepção sobre esse mundo e ainda convidar aquele paisagista da comunidade para falar um pouco mais sobre seu ofício e cuidados com as plantas.

Enfim, são infinitas as possibilidades para toda e qualquer situação de aprendizagem, e a única regra é fazer o seguinte questionamento: quem pode cooperar conosco? Está na resposta a chave da educação integral que almejamos, da aprendizagem significativa que propomos e da transformação que queremos.

Janaína Neves
Assessora Pedagógica Programa A União Faz A Vida

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