A alfabetização é um processo de descoberta. Nessa fase, educandos passam a entender a relação entre o som e as letras, aprendem a juntar sílabas e formar palavras. Mas também é nesse momento que alguns alunos começam a perceber dificuldade para interpretação dos textos, apesar de reconhecerem letras e números. Caso isso não seja trabalhado, pode resultar em analfabetismo funcional. 

O que é analfabetismo funcional 

A cada 10 pessoas, 3 são consideradas analfabetas funcionais, de acordo com o Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf). O analfabeto funcional é aquele que, apesar de saber identificar letras e números, não consegue ler e interpretar textos considerados simples. Essa situação causa dificuldade na hora de realizar atividades de leitura, entender enunciados e resolver cálculos matemáticos. 

Educação infantil e analfabetismo funcional 

A falta de incentivo para praticarem e aprimorarem seus conhecimentos desde o processo da alfabetização na infância resulta em futuros problemas. Essa situação pode ser despertada somente quando estiverem no nível superior, mas em alguns casos é possível perceber que quando chegam no fundamental II travam ao se depararem com alguns textos e enunciados.

Estar alfabetizado não significa necessariamente que aquela criança também estará letrada. A alfabetização faz com que o indivíduo reconheça o sistema da escrita, enquanto o letramento permite que ele vá além e use esse conhecimento para interpretar, compreender e refletir discursos. 

Casos de analfabetismo funcional podem ser evitados. E o papel dos educadores e educadoras é crucial nesse processo. É preciso trabalharmos a alfabetização e o letramento de maneira conjunta e durante todo o período escolar. O desenvolvimento da escrita e leitura só acontece à medida que crianças são apresentadas a novos formatos de texto para que não fiquem limitados. Por isso: 

  • Mantenha uma rotina de leitura ativa com as crianças 
  • Estimule a concentração 
  • Trabalhe a leitura interpretativa e não somente mecânica 
  • Varie as formas de conteúdos 
  • Incentive o pensamento crítico desde criança 

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Como a rotina pode prevenir o analfabetismo funcional 

O processo de alfabetização é diferente para cada pessoa, mas podemos torná-lo mais atrativo. Além disso, introduzir uma rotina no dia a dia do aluno permite que crie um maior contato diário com a leitura e a escrita. Estabelecer uma rotina não quer dizer que toda semana você irá abordar o mesmo conteúdo, pelo contrário, é preciso criar um dinamismo nas atividades para que crianças explorem diferentes formas de aprender e assim ampliem seu conhecimento. 

Nesta rotina você pode explorar diferentes tipos de conteúdo, olha só: 

Segunda com música 

A presença da música no processo de alfabetização aumenta ainda mais a associação do som na fala. Esse processo permite que a criança conheça, por exemplo, mais sobre a entonação de cada palavra. 

Que tal cada segunda usar uma música educativa que fale sobre as letras? Esse processo irá contribuir para aqueles alunos que ainda estão com alguma dificuldade na hora de associar determinada letra e interpretar ela nas palavras. Trouxemos uma opção para você: 

Letra A pro Amanhã Amanhecer

B pra Balançar o Berço do Bebê

Cochilar em Casa Com a letra C

D pra Dividir Delícias com você”

Cantando com seus alunos você associa uma atitude positiva à atividade, prende a atenção, melhora a memória e faz com que levem novas palavras e sons ao seu cotidiano. Vamos tentar? 

Terça com leitura 

Ler para uma criança é apresentar a ela um mundo de palavras e ideias. Se queremos futuros alunos e alunas que saibam interpretar textos, é preciso incentivá-los a ler já no período de alfabetização, para que criem afeto pela leitura, explorem novos formatos e aprendam palavras. Temos 3 opções que podem auxiliar você neste momento: 

Abecedário de bichos brasileiros – Geraldo Valerio

Tem maneira mais divertida de aprender as letras e ainda saber sobre os animais que compõem a fauna brasileira? 

Uma letra puxa a outra – José Paulo Paes

Associar uma palavra a determinada letra já é uma atividade divertida aos alunos, imagina ler um livro em que cada letra forma uma quadrinha com recurso de rima? Além de trabalhar sons e significados você pode brincar com a memória. 

Salada, saladinha: parlendas – Maria José Nóbrega

Parlendas são uma ótima forma de trabalhar a leitura com as crianças e essa é uma boa opção para cativar a imaginação dos seus alunos. 

Quarta com jogos 

Uma forma de ensinar as sílabas para as crianças é com jogos. No exemplo que trouxemos você vai precisar de sílabas escritas em pedaços de papel para distribuir para os alunos (Considerar que não estão tendo aula presenciais. Então sugiro adaptar – “ se você está dando aulas on-lin para seus alunos encaminhe aos pais com antecedência ou construa com os próprios alunos durante a aula. Se você está enviando atividades toda semana – você pode enviar as sílabas já prontas como material de apoio), depois é hora de colocá-los para pensar e achar palavras que se formem pela junção das sílabas que eles têm em mãos. 

Quinta com escrita 

Também precisamos exercitar a escrita. Você pode pedir para seus alunos escolherem um tema e escrever com eles palavras que estejam associadas à escolha. Por exemplo, se eles escolhem o tema “brincadeiras”, você pode instigá-los a responderem que brincadeira começa com a letra a – a resposta pode ser amarelinha –  e escrever junto com eles. 

Sexta com criação 

Agora chegou o momento de realmente colocar a criatividade dos pequenos em jogo. Disponibilize as letras do alfabeto e, para cada uma delas, os educandos devem trazer uma palavra que irá iniciar uma história. (Também considerar que não está tendo aulas presenciais com a turma).

Convide as famílias a participarem do processo 

O papel dos familiares na alfabetização é por meio do cultivo do protagonismo. Se mostramos para a criança que ler e escrever pode ser divertido, estamos incentivando que, aos poucos, ela tenha autonomia para escolher o que deseja ler e até mesmo a tentar reproduzir palavras, tanto pela fala, quanto na escrita, sem precisar da iniciativa de alguém. 

A família é fundamental nesse momento e deve instigar o saber das crianças perguntando sobre as letras, pedindo para elas lerem alguma placa na rua, escreverem o nome de produtos da lista do supermercado e outras pequenas atividades que elas podem desenvolver nesta fase introdutória. 

 É preciso que crianças leiam as palavras e entendam o sentido delas, não apenas saibam identificar letras. Crianças se desenvolvem por meio das experiências e exemplos, por isso, a escola deve estar junto com a família, estimulando a escrita e a leitura desde cedo, para que futuramente não sofram com o analfabetismo funcional. 

A leitura e escrita precisam ser por prazer

Não tem sensação melhor que se sentir mais interessado a cada página lida de um livro. Descobrir o prazer pela escrita e leitura faz com que crianças cresçam buscando cada vez mais conhecimento.

Precisamos formar alunos leitores e escritores que, além de alfabetizados, saiam dos primeiros níveis introduzidos no letramento. 

 “A educação infantil dá asas para que a criança seja aquilo que ela quiser ser.”

(Heloisa Paiva)

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