Você já ouviu falar em cultura maker? Adepto do conceito “faça você mesmo”, o movimento “maker” consiste no aprendizado e na concretização de projetos feitos por pessoas que colocam a mão na massa e podem construir, consertar e fabricar os mais diversos tipos de objetos, elas mesmas.
Um dos pilares da cultura maker é o “ dar uma chance”, ou, em outras palavras, permitir-se fazer: sem medo, sem julgamento e consciente da possibilidade de errar.
Quando pensamos em cultura maker dentro do ambiente escolar, sabemos que se trata de algo muito valioso e que se conecta diretamente com a necessidade dos alunos de criarem e desenvolverem suas habilidades, certo?
Quando uma criança pode ter ideias, criar e fazer ela mesma, muitas habilidades são trabalhadas, desde sua coordenação motora, autonomia, senso crítico e até mesmo sua autoestima. Tais habilidades serão úteis não somente para seu desenvolvimento escolar, como também para atividades e trabalhos que ela irá realizar no futuro, principalmente no mercado de trabalho.
Cultura maker na escola
Estimulando a criação e outras habilidades a partir da experimentação e do “faça você mesmo”, a cultura maker se alinha diretamente ao construtivismo e combina muito com a frase de Jean Piaget: “Inventar é aprender.” Quando a escola desenvolve junto aos professores uma metodologia baseada na cultura maker, ela permite que o processo de ensino-aprendizagem seja mais colaborativo, atualizado e que possibilita que o aluno desenvolva inúmeras competências necessárias para se tornar o chamado cidadão do século XXI.
Usada tanto em escolas particulares como em públicas, a educação maker exige que o planejamento escolar esteja alinhado às suas necessidades. Não basta querer implantar, é preciso saber como fazer isso da melhor forma possível, ciente das limitações de cada escola. Quando falamos da cultura maker, muitas vezes pensamos em máquinas, equipamentos e tecnologias que nem sempre são acessíveis a todos, mas não é preciso muito para desenvolver este espírito nas crianças, afinal, lembre-se que um dos pilares dessa cultura é justamente criar condições para inventar e improvisar.
Algumas escolas possuem laboratórios e espaços “maker” reservados para as atividades, mas nada impede que elas sejam feitas na própria sala de aula, utilizando, por exemplo, uma bancada feita com as mesas ou reservando um espaço para o uso de diferentes ferramentas e materiais de apoio como: sucatas, tintas, madeira e outros mais.
Capacitação de professores
Como falamos anteriormente, não basta ter apenas vontade de propor tais atividades na escola, é preciso estar preparado para colocá-las em prática. O apoio de um professor capacitado é fundamental para que os alunos possam desenvolver e criar seus próprios projetos, sabendo como aplicar as habilidades desenvolvidas na atividade em si. E sempre relacionando o aprendizado com experiências que eles possam aplicar no seu cotidiano.
Colocando a mão na massa
Para começar a implantar a cultura maker na escola, você pode incentivar que outros professores também leiam sobre o assunto e se capacitem para desenvolver as atividades com outras turmas. Quando todo mundo se une com um objetivo em comum, fica mais fácil viabilizar materiais e espaços colaborativos que todos podem aproveitar.
A coleta de materiais é um ponto importante nesse processo e pode engajar não só a equipe pedagógica como também alunos e seus familiares. Equipar um laboratório com garrafas PET, jornais, latas, caixas de leite ou de fósforos e outros materiais reciclados já garante diversas atividades com as crianças.
Outro ponto bastante importante a ser explorado é o desenvolvimento de atividades multidisciplinares e interclasses, unindo grupos de alunos de faixas etárias próximas para desenvolver um projeto na escola. Pode ser a criação de uma horta comunitária, uma composteira, barris para guardar a água da chuva e muitos outros projetos pedagógicos. Nesse caso, lembre sempre de incentivar os alunos a participarem ativamente de todas as etapas do processo, respondendo questões, fazendo pesquisas, colocando a mão na massa e relacionando cada aprendizado com o seu protagonismo.
Cultura maker nos meios digitais
Além de trabalhar com materiais de fácil acesso, você também pode explorar ferramentas e aplicativos digitais para desenvolver atividades práticas. Isso facilita e cria oportunidades para alunos que seguem no ensino remoto, com o apoio de familiares e seus colegas que estarão conectados por meio de plataformas virtuais.
As opções não são poucas. Ao escolher um projeto para realizar a distância, você pode pesquisar quais aplicativos, sites e até mesmo vídeos no YouTube podem dar apoio na realização das atividades. Nessa etapa do processo é bem importante criar missões e delegar funções para a turma, de acordo com as habilidades de cada um. Sentindo-se familiarizado com o processo e valorizado pelas suas capacidades, crianças e adolescentes tendem a focar muito mais facilmente, executando suas atividades de maneira mais passional, afetiva e efetiva.
Comece nos primeiros anos
Quando falamos de aprender “colocando a mão na massa” é comum visualizar alunos da educação infantil como parte do processo, mas quando falamos exatamente da cultura maker aplicada no aprendizado, algumas pessoas pensam imediatamente em alunos um pouco mais velhos, já no fundamental e médio. Fato é que, quanto antes o aluno puder começar a criar e aprender por meio de experimentações e criações próprias, mais familiarizado e confortável ele se sentirá com todo o processo, desenvolvendo capacidades e fomentando o espírito criador, acreditando que tem conhecimento e as ferramentas necessárias para criar, produzir e manter suas ideias e projetos. Isso contribui para que o aluno cresça mais seguro e confiante de si e do seu próprio potencial.