Desde o início da pandemia, em 2020, vivemos um momento atípico que afeta  profundamente alunos e professores de escolas públicas e particulares no Brasil e no mundo. Além de todos os problemas de adaptação ao ensino remoto, e aos novos meios de convivência, somados às questões emocionais e sociais que enfrentamos em meio a esse cenário, duas das maiores preocupações quando falamos de educação são a defasagem e a evasão escolar.

No Brasil, as escolas começaram a fechar em março de 2020. Sem um planejamento prévio de ações para contornar o problema, algumas instituições de ensino  pausaram as aulas por um tempo, adiantando recessos, enquanto outras recorreram aos meios virtuais para continuar os conteúdos. Fato é que ensino remoto e presencial são duas modalidades bem diferentes, portanto, necessitam de planos de ação diferentes.

Outro ponto importante que precisa ser considerado é que nem sempre alunos e professores possuem as melhores condições e recursos para realizar aulas a distância, principalmente quando falamos do ensino público.

Números que assustam

Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), simulou a quantidade de aprendizagem perdida, em média, durante a pandemia. Segundo o estudo, alunos dos anos finais do ensino fundamental  tiveram uma perda de 34%, já alunos do Ensino Médio 33%.

Uma outra pesquisa, desta vez realizada pelo Instituto Datafolha, a pedido do C6 Bank, aponta que aproximadamente quatro  milhões de alunos brasileiros, entre seis  e 34 anos, abandonaram os estudos, totalizando 8,4% de evasão escolar. O levantamento confirmou também que 54% do abandono foi registrado  entre alunos das classes D e E.

É possível evitar a evasão escolar?

Com números tão significativos, e a não previsão de um retorno imediato à normalidade, como fazer para que os alunos possam continuar os estudos? Não é uma tarefa fácil, mas é possível com planejamento, flexibilidade e cooperação entre escola, estudantes e familiares.

Veja algumas práticas que podem auxiliar nesse processo:

 

Unir para potencializar

Uma das estratégias para estimular o desenvolvimento dos alunos é proporcionar que trabalhem juntos. Estudar com os colegas é um momento de troca benéfico para o aprendizado e a socialização.

Você pode dividir a turma por grupos de interesse, para que aprendam sobre o que têm em comum, ou ainda, por interesses opostos, porque assim, um colega pode ensinar algo para o outro. Juntos, os estudantes podem colaborar uns com os outros na realização de tarefas, atividades e trabalhos e ainda incentivar, auxiliar em questões pontuais.

Essa prática colaborativa auxilia os estudantes nos conteúdos e também potencializa habilidades como: autonomia, desenvoltura, relações interpessoais e a própria saúde mental dos envolvidos.

Continuum Curricular

Nós já falamos aqui no Transformando.com.vc sobre o “continuum curricular”, uma prática prevista na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que visa integrar conteúdos de 2020 com os de 2021. Lembrando que agregar  conteúdos do ano que passou não é voltar no tempo, muito menos atrasar o processo de aprendizagem dos alunos. Na verdade, é exatamente o contrário, pois tudo aquilo que porventura perdeu-se no caminho, e que serve de base para conteúdos posteriores, precisa passar por uma integração para que o aluno não se perca com o que ainda vai estudar. A probabilidade do aluno desistir dos estudos é menor quando ele se sente capaz de acompanhar as aulas, principalmente se não precisar repetir o ano por ter sofrido uma reprovação.

Os processos de integração podem ser feitos  de várias formas, inclusive como projetos multidisciplinares de metodologia ativa, em que os alunos, protagonizando suas histórias, podem desenvolver materiais de seus interesses unindo duas ou mais disciplinas diferentes.

Metodologias ativas

Já que tocamos nesse assunto, aproveitamos o gancho para falar de outro método para evitar a defasagem dos alunos: a metodologia ativa.

Trabalhando de forma que valoriza a independência, autonomia e protagonismo do aluno, a metodologia ativa aproxima os conteúdos apresentados da realidade de cada um, tornando tudo mais intuitivo e claro para os estudantes. Quando eles são capazes de identificar-se como protagonistas, não só de suas histórias, mas também do aprendizado, maior vontade e interesse eles desenvolvem pelo estudo, diminuindo as chances de desistirem de frequentar a escola.

Aproximação da família

Durante a pandemia, com alunos estudando em casa, pais e responsáveis aumentaram o tempo em contato com suas crianças e adolescentes, ajudando no planejamento e na execução das tarefas escolares, pesquisas e estudos.

A relação entre a escola e família foi bastante ampliada nesse momento e, não só pode, mas como deve ser mantida após o fim desse período. Afinal, quanto mais fortalecida a ponte entre a casa e a escola, maior a exposição ao conhecimento e à coparticipação no desenvolvimento dos alunos, o que evita que eles possam se desmotivar e largar os estudos.

Reforço pedagógico diferenciado

Uma das maiores dificuldades dos alunos ao acompanhar matérias é observada  quando algum conteúdo não é absorvido por completo. Sem uma base sólida do conhecimento, acumulando com outros conteúdos apresentados, os estudantes podem sentir que não são capazes de seguir com o aprendizado. Nesses casos, geralmente o que acontecia era o atendimento personalizado, oferecendo aulas de recuperação ou reforço, para pontuar as questões não entendidas.

Pegando o gancho da continuidade dos conteúdos já apresentados no “continuum curricular”, a proposta de oferecer reforço para turmas inteiras é uma estratégia interessante para incorporar dentro de sala. Além de disponibilizar uma revisão de conteúdo para aqueles que já estão mais familiarizados com a matéria, serve como um importante auxílio para os que apresentam dificuldade. Juntando essa estratégia com o agrupamento de alunos por interesse, como apresentamos no primeiro tópico, eles podem também interagir entre si e colaborar com dúvidas e questões que possam aparecer, tornando assim o processo mais fácil tanto para os próprios alunos, quanto para os professores. Quanto mais os alunos se ajudam, mais eles conseguem absorver os conteúdos, desenvolver autonomia e se sentir protagonistas do processo de aprendizagem.

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