Saiba quais são os tipos de assédio mais comuns, como identificar que uma criança está sofrendo e como tratar o assunto em sala de aula
Segundo levantamento da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, entre janeiro e maio de 2021, foram registrados 35 mil casos de assédio e violência contra crianças e adolescentes após denúncias no Disque 100.
No artigo abaixo, você vai entender os tipos mais comuns de assédio, como identificar e o que fazer quando um aluno dá sinais que está sofrendo algum abuso.
Assédio infantil: o que é?
Quando pensamos no tema, associamos logo ao abuso sexual, mas esse não é a única forma de violência contra criança e adolescentes. Portanto, é importante saber identificar quais são os assédios mais comuns:
- Assédio sexual: situações de abuso ou exploração sexual infantil, submissão da criança ou adolescente a atos sexuais.
- Bullying e Cyberbullying: abuso verbal, físico e psicológico cometido por outras crianças ou adolescentes e que deixa a criança coagida. O cyberbullying ocorre na internet.
- Violência física e maus tratos: a criança sofre agressão física que pode deixar marcas visíveis ou não.
- Discriminação: discriminação por raça, gênero, classe social, entre outros.
- Negligência e abandono: os pais ou responsáveis se recusam a dar para a criança as condições mínimas de sobrevivência.
- Trabalho infantil: a criança é obrigada a trabalhar com menos de 14 anos. Entre os 16 e 18 anos, apenas o trabalho de aprendiz é permitido.
- Violência psicológica: agressões verbais, ameaças e humilhações.
Como identificar quando um aluno está sofrendo assédio
O primeiro passo é entender os tipos de violência como explicamos acima.
O levantamento da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República apontou que aproximadamente 17,5% dos casos de assédio infantil estão ligados ao abuso sexual e, desses, 96% ocorrem em casa. Além disso, dos 35 mil casos denunciados entre janeiro e maio de 2021, cerca de 20,8 mil dos agressores suspeitos são pais e mães. Ademais, as meninas são as principais vítimas, representando 66,4% dos casos entre crianças de 12 e 14 anos e 52% de 2 a 4 anos.
É importante perceber comportamentos diferentes e lembrar que cada criança age de uma forma. Além disso, cada tipo de violência pode gerar um comportamento diferente. Alguns são mais fáceis de identificar, como os casos de violência física, mas outros precisam de mais atenção. No geral, crianças que sofrem assédio têm comportamentos como:
- Estresse (que pode resultar em dores de estômago, dores de cabeça, entre outras).
- Distúrbios alimentares.
- Perda de memória, atenção.
- Tristeza, depressão.
- Irritabilidade, agressividade.
- Queda nos resultados escolares.
- Multiplicação de faltas.
- Mudança de comportamento na sala de aula.
O que fazer se desconfiar que um aluno pode estar sofrendo assédio?
Primeiramente, tentar identificar o que está acontecendo e, para isso, um diálogo com o aluno pode ser necessário. É importante que o professor se coloque como um adulto de confiança para que ele se sinta seguro.
Caso seja identificado bullying ou cyberbullying, você deve chamar os pais dos envolvidos, acompanhado da coordenação pedagógica e de psicólogos. Instruir pais e alunos e, se necessário, chamar a polícia – especialmente se o abuso estiver acontecendo num ambiente on-line, sem identificação do abusador.
Porém, quando se trata de outros tipos de assédio, a coordenação deve ser notificada imediatamente, e na sequência, envolver os órgãos competentes, como o Conselho Tutelar, para adotar medidas de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente. Ainda que a criança não revele o que está acontecendo, essas providências devem ser tomadas sempre que o professor perceber que algo está errado.
Dessa forma, a criança terá amparo e apoio físico, médico e psicológico necessários.
Como abordar o assunto em sala de aula
Algumas crianças podem estar sofrendo assédio, mas sem entender que é errado. Ela sabe que está passando por um problema, porém, não consegue explicar o que é. Por isso, é muito importante que o professor dê aulas explicativas sobre o assunto.
É preciso tratar de assuntos como abuso sexual, racismo, inclusão, homofobia, bullying e ciberbullying, violência doméstica e trabalho infantil. Também deve-se criar um ambiente acolhedor. Novamente, o laço entre professor e aluno é fundamental para que ele se sinta à vontade para contar o que está sofrendo.
Dicas de livros para professores
Se você quer se aprofundar no assunto, é muito importante ler livros e outros documentos que tratam do tema. Veja uma lista que separamos de bons materiais para você ler:
- “A escola contra o abuso sexual infantil: guia de educação para profissionais da educação” – Governo do Estado de São Paulo;
- “Todos contra pedofilia” – Ministério Público de Minas Gerais;
- “Kit de Ferramentas (Toolkit) Prevenção de todo tipo de violência nas escolas” -Plan International e Unicef;
- “Conhecer para proteger: enfrentando a violência contra bebês, crianças e adolescentes” – Secretaria de Educação da Cidade de São Paulo;
- “A educação que protege contra a violência” – Unicef;
- “Bullying não é brincadeira” – Plan International Brasil;
- “Chega de trabalho infantil: guia para professores como trabalhar o tema na escola” – Rede Peteca.
Já alguns livros são:
- “Todos contra a pedofilia” – Carlos Fort, Arraes Editores Ltda;
- “Sem paraíso e sem maçã” – Isabela Soares, Literare Books International;
- “Bateria 100% carregada” – Severino Rodrigues, Editora do Brasil.
E livros para ler com os alunos? Conheça aqui alguns materiais da contadora de histórias Fafá Conta.
Para entender melhor sobre esse assunto, veja aqui como identificar o bullying na escola e como ensinar educação sexual.