Pois então, a conversa de hoje é sobre o poder do brincar na vida das nossas crianças e como essa simples ação pode promover o desenvolvimento e aprimoramento de habilidades necessárias

 

Isso mesmo, o simples brincar promove o desenvolvimento das mais diversas habilidades na infância, é por isso que nós, educadores, precisamos valorizar o brincar e cada vez mais compartilhar seus benefícios.

Apesar da percepção sobre o brincar estar, aos poucos, se transformando, ainda é comum o questionamento da família sobre as ações realizadas no ambiente escolar, incluindo a pergunta “Só brincou? ”

Por esse motivo, e a partir deste questionamento, a proposta é que façamos do brincar o centro do desenvolvimento de nossas crianças, afinal, este é um direito da infância. Então, brincar na escola, além de todos os benefícios estabelecidos é garantir um direito da criança.

O poder do brincar

O poder do brincar na primeira infância é imensurável, pois é durante essa fase que as crianças estão construindo a base de suas vidas. Brincar é uma atividade natural e essencial para a infância, e a prova disso é que basta o convite ao brincar para que as crianças nos mostrem o caminho a seguir.

Portanto, em sala de aula, cabe ao educador considerar os tempos, espaços e materiais que podem contribuir nessa construção e, a partir disso, estabelecer sua intencionalidade.

É pelo brincar que a criança desenvolve a criatividade e a imaginação, criando e inventando histórias e situações imaginárias. Já pensou quais e quantas são as possibilidades no dia a dia da escola de a criança desenvolver essa habilidade?

Ainda é possível desenvolver habilidades cognitivas relacionadas à resolução de problemas, classificação de objetos ou ao sequenciamento de eventos, estimulando o raciocínio lógico e a capacidade de pensamento abstrato, aprendizado essencial também à vida adulta.

As brincadeiras também envolvem movimentos físicos, como correr, pular, escalar, o que estimula o desenvolvimento motor das crianças, movimento esse natural à infância e que precisamos cada vez mais estimular.

O brincar possibilita de maneira única o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais. É por meio de brincadeiras em grupo que as crianças aprendem a compartilhar, cooperar, negociar, resolver conflitos e lidar com emoções. Já pensou o quanto o desenvolvimento dessas habilidades pode transformar a vida de uma criança?

Portanto, o brincar é uma atividade essencial para o desenvolvimento integral da criança, pois contribui para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, motoras, sociais e emocionais, além de proporcionar prazer e diversão.

A BNCC, o brincar e suas possibilidades 

Com base na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), documento normativo para as redes de ensino e suas instituições públicas e privadas, e referência obrigatória para elaboração dos currículos escolares, aqui estão alguns exemplos de brincadeiras para cada um dos campos de experiência da Educação Infantil, pois é neles que encontramos o conjunto de conhecimentos que norteiam o trabalho pedagógico, possibilitando uma abordagem integrada e multidisciplinar do desenvolvimento infantil, além de valorizar a diversidade de experiências e saberes que as crianças trazem para a escola.

O eu, o outro e o nós:

– Brincar de imitar os gestos e expressões dos colegas e até mesmo dos adultos é uma excelente opção, afinal, quem não lembra quando criança de imitar um adulto?

– Jogos cooperativos que envolvem o trabalho em equipe são sempre uma boa opção porque constroem a percepção do outro e a empatia.

– Criar histórias em grupo, em que cada um contribui com uma parte da narrativa, além de estimular a memória, a oralidade e a noção temporal, faz perceber o outro e sua importância nessa construção.

Corpo, gestos e movimentos:

– Brincar de pega-pega, esconde-esconde ou qualquer outra brincadeira que envolve o movimento e que junto dela apresenta infinitas possibilidades de aprendizagem como lateralidade, equilíbrio, atenção, é imprescindível na infância.

– Atividades físicas, como corrida e saltos, devem compor o planejamento da educação infantil.

– Dançar e fazer coreografias juntos, trazendo, além da percepção de si, a consideração do outro, é um momento prazeroso e rico em possibilidades.

Traços, sons, cores e formas:

– Fazer desenhos e pinturas com diferentes materiais, incluindo aqueles que a própria natureza nos apresenta, como, por exemplo, as cores de seus diferentes elementos, é, sem dúvida, uma experiência única e necessária.

– Brincar e talvez até fabricar sua própria massinha de modelar é uma possibilidade fantástica que pode fazer parte do processo de aprendizagem.

– Explorar os sons de instrumentos musicais ou objetos do dia a dia nos apresenta infinitas possibilidades, basta se deixar levar.

Escuta, fala, pensamento e imaginação:

– Rodas de conversa sobre temas diversos ensinam sobre uma escuta ativa, diálogo intenso e respeito ao outro e suas ideias.

– Criar histórias e personagens imaginários naturalmente já fazem parte do cotidiano de muitas crianças, imagina se potencializarmos essa ação diante de nossa intencionalidade pedagógica? O resultado, com certeza, será significativo.

Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações:

– Brincar de construir e montar objetos, como blocos e quebra-cabeças, até mesmo com elementos disponíveis na natureza e de fácil acesso, pode proporcionar a aprendizagem de diversos conceitos.

– Atividades com água e areia, como encher e esvaziar recipientes, sem dúvida, está entre as brincadeiras preferidas das crianças.

– Explorar diferentes texturas e materiais em atividades de manipulação deve ser parte da rotina das crianças.

Todos esses campos, conhecimentos e possibilidades, unidos no brincar, proporcionam a formação integral de nossas crianças e compõem o caminho a seguir.

O simples que funciona

É assim que o brincar pode e deve ser considerado “o simples que funciona” no processo de aprendizagem e desenvolvimento infantil. Por meio das brincadeiras e das mais diferentes abordagens, as crianças exploram o mundo ao seu redor, experimentam diferentes papéis, desenvolvem habilidades sociais, emocionais e cognitivas, além de se divertirem e sentirem prazer no processo.

Brincar é uma atividade natural e instintiva para as crianças, que aprendem melhor quando estão engajadas e motivadas, e as brincadeiras são uma forma lúdica e prazerosa de estimular essa motivação. Além disso, podem ser adaptadas para diferentes idades e habilidades, tornando-as uma forma inclusiva e acessível de aprendizado para todos.

Portanto, nos cabe valorizar e incentivar as brincadeiras em nosso processo educativo, reconhecendo o seu potencial para o desenvolvimento integral da criança.

E qual o papel do professor após definir sua intencionalidade pedagógica? Se você pensou que deve ser o de mediador do brincar, está correto. Para exercer esse papel são necessárias algumas habilidades e competências específicas, portanto, convido você a analisar aquelas que já fazem parte de você, as que precisa aprimorar ou ainda as que busca desenvolver, afinal, ser professor é um constante aprender:

  • Observação atenta: o mediador deve observar as crianças durante as brincadeiras, identificando as necessidades e os interesses de cada uma e oferecendo suporte quando necessário.
  • Planejamento: o mediador deve planejar e organizar as brincadeiras, selecionando materiais e atividades adequados para a idade e o desenvolvimento das crianças.
  • Estímulo e apoio: o mediador deve estimular e apoiar as crianças durante as brincadeiras, incentivando a criatividade, a exploração e a resolução de problemas.
  • Mediação de conflitos: o mediador deve estar preparado para mediar conflitos que possam surgir durante as brincadeiras, ajudando as crianças a expressar suas emoções e a encontrar soluções para os problemas.
  • Promoção da segurança: o mediador deve garantir a segurança das crianças durante as brincadeiras, supervisionando as atividades e prevenindo riscos de acidentes.

Já pensou que conhecimento válido é aquele que é compartilhado? Sendo assim, o melhor caminho para a valorização do brincar na escola talvez esteja no compartilhamento dos seus saberes sobre isso com a comunidade. 

Bora assumir esse papel? 

O papel de mediador do brincar na escola e de moderador do conhecimento do poder do brincar na vida.

Janaina Neves

Professora e assessora pedagógica do Programa A União Faz a Vida.

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